Na passada quarta-feira, a freguesia de São Miguel, na Guarda-Gare, comemorou o seu 20º aniversário. Tudo aconteceu em 1985, mas a ideia surgiu com as primeiras eleições pós-25 de Abril de 1974 e contou com o apoio de Abílio Curto. À hora de apagar as velas, fizeram-se alguns pedidos à Câmara, nomeadamente, uma escola nova e a requalificação de outra, por causa da sobrelotação de alunos. Durante a cerimónia foram ainda homenageados alguns elementos dos órgãos da freguesia.
Segundo Vasco Gaspar, actual presidente da Assembleia de Freguesia e o membro mais antigo da Junta, «com o aparecimento da nova Igreja, a paróquia passou a chamar-se Nossa Senhora de Fátima e a freguesia ainda foi conhecida por esse nome durante algum tempo», recordou. Mas depois surgiu «um grupo de cidadãos que se opôs, e repôs o nome do padroeiro da paróquia: São Miguel», acrescenta. Entretanto, foi preparado o caminho para que, em 1985, fosse votada na Assembleia da República (AR) a criação efectiva de São Miguel da Guarda. Para Vasco Gaspar, que integrou desde o princípio os órgãos da Junta, com excepção de um mandato, um dos principais obstáculos da altura foi a delimitação da área geográfica da nova freguesia, pois a comissão de melhoramentos, criada para o efeito, pretendia que o limite fosse do Rio Diz até à Quinta do Pontão, seguindo depois para o Carapito. Um desejo que a congénere de S. Vicente não acedeu. Depois de estabelecidos os limites, que ainda hoje permanecem, a proposta foi levada por Abílio Curto para votação no Parlamento e foi aceite. «Não houve festejos aquando da criação da freguesia, as pessoas nem se aperceberam. Aconteceu apenas um humilde convívio entre as pessoas envolvidas na criação e uma simbólica salva de morteiros», lembra o autarca, que reside em São Miguel há 43 anos.
Durante o seu discurso da sessão solene, Vasco Gaspar evocou nomes como Américo Marques, Álvaro Foitinho, José Monteiro e Raul Matias, entre outros, que ajudaram a fazer a freguesia. Sem esquecer a colaboração de Domingos Alves da Silva, que «durante um ano cedeu a título gracioso as primeiras instalações desta Junta». Passados 20 anos, a freguesia cresceu. O número de recenseados em 1986 rondava os 1.800 cidadãos, estando hoje inscritos 4.800. Já a população residente em 1991 estimava-se em cerca de 4.700, sendo 10 anos depois um pouco mais de 7 mil habitantes. De resto, nesse espaço de tempo, São Miguel foi a freguesia do concelho que mais cresceu em termos populacionais. Por isso foram aparecendo novos equipamentos públicos, como o Centro de Saúde, a sede da Junta, a nova gare ferroviária, a ETAR de S. Miguel e estabelecimentos de ensino. No entanto, «as escolas que existem estão hoje sobrelotadas», alerta Vasco Gaspar. Por sua vez, Vergílio Bento, vice-presidente do município e vereador com o pelouro da Educação, disse estar atento ao assunto e prometeu «ajudar a colmatar o problema». Até porque se trata da terceira e mais recente freguesia urbana do concelho, mas também «a que tem tido um maior crescimento demográfico», sublinhou.
Patrícia Correia