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Beira Interior pode ficar sem PJ

Proposta de reorganização da Judiciária sugere fecho do Departamento de Investigação Criminal da Guarda, cujas instalações foram inauguradas há dois anos

Quando passam dois anos sobre a inauguração das novas instalações da PJ da Guarda surge um estudo do Ministério da Justiça que aponta para o possível encerramento daquele serviço. Segundo o relatório divulgado pelo “Público” na passada terça-feira, a tutela tem em mãos uma proposta para encerrar seis Departamentos de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Judiciária em todo o país, entre os quais se encontra a Guarda. Se esta sugestão for por diante, a PJ perderá o seu último serviço no interior do país. E os funcionários deverão ser acolhidos na futura Unidade Territorial do Centro, em Coimbra.

A sugestão faz parte do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) e está a ser alvo de apreciação por parte da direcção nacional da PJ e da tutela. Caso sejam aceites as recomendações do documento, a PJ pode perder, já a partir do próximo ano, metade da sua estrutura física no continente. A proposta apresentada pelo PRACE prevê o encerramento de todos os DIC existentes, ou seja, de Portimão, Setúbal, Leiria, Guarda, Aveiro e Braga. Se tal vier a acontecer, estes serviços serão integrados nas actuais direcções, nomeadamente em Faro, Lisboa, Coimbra e Porto, as quais passarão a designar-se por unidades territoriais do Algarve, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Norte, respectivamente. Enquanto nas ilhas (Funchal e Ponta Delgada) não haverá alterações. Se o DIC da Guarda encerrar, os funcionários deverão ser transferidos para a futura Unidade Territorial do Centro, em Coimbra. Trata-se da única delegação da PJ instalada no interior do país, abrangendo toda a área do distrito da Guarda e parte Norte do distrito de Castelo Branco. Contactado por “O Interior”, o coordenador do DIC da PJ da Guarda, Mário Bento, preferiu não tecer quaisquer comentários por não dispor de informação oficial sobre o assunto, remetendo os jornalistas para a Direcção Nacional.

Já Maria do Carmo Borges, Governadora Civil da Guarda, em declarações à Rádio Altitude, apaziguou a situação: «Ainda nada está decidido, está a ser feita a nova lei orgânica», disse, acrescentando que «deverão ser tidos em conta dois aspectos, nomeadamente a questão das instalações, concluídas há relativamente pouco tempo, e a dimensão região Centro». Também o dirigente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC), Carlos Anjos, desvalorizou o relatório divulgado: «Não há grandes certezas. Mas, na minha opinião, a Guarda é um departamento importante para a polícia e não irá ter grandes alterações», afirmou. E vai mais longe. «O estudo já tem cerca de quatro meses, nós já o conhecíamos e até já o contestámos. É um entre muitos que o ministério tem em mãos», tranquiliza o dirigente sindical. A nova sede da PJ foi inaugurada, na Praceta Nuno de Montemor, a 20 de Outubro de 2004, faz amanhã dois anos. Trata-se de instalações modernas construídas num terreno de 1.150 metros quadrados cedido pela autarquia, tendo ficado prontas em menos de um ano e custado mais de dois milhões de euros.

Patrícia Correia

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