A semana passada, Portugal soube que a Câmara de Lisboa revelou à embaixada da Rússia as identificações dos organizadores de uma manifestação anti-Putin. Esta revelação teve a consequência habitual, quando se trata de trapalhadas do PS. Nenhuma.
Esta semana, por toda a Lituânia, assinala-se o 80º aniversário das primeiras deportações em massa de pessoas para a Rússia siberiana, depois da ocupação e anexação da Lituânia pela URSS.
Os pontos de contacto entre Portugal, 2021, e Lituânia, 1941, são muito curiosos. Em ambos os casos há envios para a Rússia levados a cabo por funcionários de líderes socialistas. É verdade que um era Estaline e o outro é Medina. Obviamente que um mundo de atrocidades os separa. Além da defesa do socialismo, em comum só têm a impunidade. E o regime de partido único. Na URSS era o único permitido, em Portugal é o único que conta.
Em Portugal, a delação foi feita pelos serviços da capital; na Lituânia, os deportados eram acusados de estarem ao serviço do capital. Em Portugal, basta organizar uma manifestação contra regimes totalitários. Na Lituânia, bastava ter uns hectares a mais do que o regime totalitário permitia.
Se a gravidade de exilar milhares de pessoas na Sibéria e denunciar três manifestantes é obviamente muito diferente, o risco que as suas vidas correm às mãos dos russos talvez seja relativamente semelhante.
Para terminar numa nota positiva, relato que, em Vilnius, a efeméride do início das deportações para a Sibéria é assinalada com a leitura do nome de todos os deportados e o seu destino final. A acompanhar os vários eventos, as palavras “Não nos esquecemos e não vos perdoamos”.
Saladas russas
«Em Portugal, basta organizar uma manifestação contra regimes totalitários. Na Lituânia, bastava ter uns hectares a mais do que o regime totalitário permitia»