As próximas eleições autárquicas, que esperemos sejam no final do Verão (o vírus prefere o Inverno) ou nas primeiras semanas do Outono, serão as primeiras deste novo ciclo presidencial. Apesar de não haver um debate normal, por causa da pandemia, e do sonambulismo em que a sociedade portuguesa vive, ainda é prematuro falar de candidaturas e novas lideranças locais.
Na Covilhã, a direita continua dividida e Vítor Pereira agradece. O PSD, depois de há quatro anos ter ficado atrás do CDS, então liderado por Mesquita Nunes, não aproveitou os anos de desnorte para se renovar e fazer oposição, não agregou nem conseguiu ir à sociedade civil buscar novas personalidades, continua à deriva.
Março será decisivo para definir candidaturas e perceber o impacto das propostas de alternativa – no Sabugal está prometida grande disputa entre Vítor Proença (que deverá ser o candidato a sucessor de António Robalo pelo PSD) e Vítor Cavaleiro (PS).
Na Guarda, depois da fuga para Bruxelas de Álvaro Amaro, o PSD vive em águas revoltas. Rui Rio, chamou a si a escolha do candidato do PSD e, depois da homologação dos primeiros 100 nomes a nível nacional, tem permitido mais dúvidas que certezas. Em 2013, o PS dividiu-se porque Virgílio Bento não acatou a mais elementar e democrática escolha do candidato do PS por eleições internas, onde o escolhido foi José Igreja, e avançou com um movimento “independente” divisionista dos socialistas e que abriu caminho à chegada do PSD ao poder. Então, o presidente da concelhia do PSD era Manuel Rodrigues, que se perfilou como candidato natural à autarquia, depois de anos de trabalho na oposição ao PS, de ter sido candidato à presidência da Assembleia Municipal com Ana Manso e de ter presença pública e ativa em defesa das posições do PSD durante anos (era então, também, cronista no Jornal O INTERIOR). A concelhia indicou o seu nome, a distrital então liderada por Júlio Sarmento acabaria por escolher Álvaro Amaro, que terminava o seu terceiro mandato em Gouveia e impôs a sua vontade e “peso” político. Apesar das dúvidas levantadas sobre a legalidade da sua candidatura – o “de” ou o “da” – foi o seu nome que a distrital apresentou à direção nacional do PSD. O atual presidente da concelhia, Sérgio Costa, chegou assim à vereação do executivo. Por homologação da distrital do PSD contra a vontade da concelhia então liderada por Manuel Rodrigues, que se afastou deixando a história seguir o seu percurso normal. Apesar da similaridade com o momento presente – a distrital do PSD da Guarda escolheu o atual presidente da Câmara, Chaves Monteiro, mas aceitou que a nomeação da concelhia de Sérgio Costa fosse também assinalada, e a direção nacional deverá agora escolher entre os dois nomes indicados. Na Guarda, convivemos com o mais inacreditável dos fenómenos político-partidários, a oposição ao executivo do PSD é feita pelo presidente da concelhia do PSD.
O PS sabe que ainda falta muito tempo. A concelhia escolheu o seu líder, António Monteirinho, mas em Lisboa o seu nome não é consensual. O PS nacional quer recuperar a Câmara da Guarda e para isso quer um nome “mais forte”. O secretariado nacional terá mesmo convidado Esmeraldo Carvalhinho, mas o líder da concelhia teria de ser segundo, o que o autarca de Manteigas não aceitou. Entretanto, o nome de Monteirinho paira no ar como se o assunto estivesse decidido. Sem polémicas sobre a escolha e, por entre o ruído das águas movediças do PSD, esperam para ver qual será a melhor opção. Se o PSD não homologar Chaves Monteiro, os socialistas poderão ver ali o candidato e então será António Costa a tomar as rédeas do assunto – e ninguém diz que não a um primeiro-ministro… Nas últimas legislativas, no concelho da Guarda, o PS teve 36,1% e o PSD ficou-se pelos 32,1%, mil votos de vantagem que o PS gostaria de manter para regressar à liderança da sede de distrito. Enquanto o PS espera tranquilo pela escolha de Rui Rio, é o PSD, que tem a presidência da Câmara, que vive na ansiedade das disputas internas (e «o poder não se conquista, perde-se»…). A disputa entre nomes do PSD para a Câmara da Guarda é uma novela patética e vã, Carlos Chaves Monteiro só não será candidato à Câmara da Guarda se ocorrer algo extraordinário ou se não quiser…