Novo revés para a requalificação do Hotel Turismo da Guarda, que está fechado desde 2012 e assim vai continuar por mais alguns anos. Tudo porque não se concretizou o contrato de cessão de posição contratual do consórcio formado pela MRG Property e MRG Construction, do grupo empresarial MRG, a favor da Green Endogenous, que desistiu do projeto.
O desfecho foi confirmado pelo presidente da Câmara da Guarda a O INTERIOR, no final da reunião quinzenal do executivo. «O grupo MRG não cumpriu o que estava assumido no contrato de concessão e o novo interessado invocou investimentos pendentes e a situação pandémica para não assumir projeto, pelo que o Turismo de Portugal solicitou ao município que fosse fiel depositário das chaves do edifício», adiantou Carlos Chaves Monteiro, que lamenta este passo atrás. «Perdeu-se tempo e nunca se avançou para a fase de execução da obra», constata o autarca, segundo o qual vai ser lançado um novo concurso público. Entretanto, a Câmara está «em contactos com potenciais interessados» no emblemático hotel do centro da cidade. «Esta é uma responsabilidade do Estado, que é proprietário do imóvel, mas queremos colaborar para encontrar uma solução rápida e já temos pelo menos um interessado, trata-se de um grupo hoteleiro internacional», revelou Chaves Monteiro.
«Sabemos as dificuldades que o setor está a viver por causa da Covid-19, mas acreditamos que este projeto pode ser mais apetecível no pós-pandemia. Essa é a nossa expetativa, mas com otimismo moderado», assumiu. O que está fora de questão é ser a Câmara a adquirir o hotel: «Não estamos interessados neste momento. Talvez no futuro, se os investimentos e projetos que estamos a desenvolver estiverem concluídos. Contudo, estamos convictos que operadores privados vão aparecer e concorrer ao novo procedimento», afirmou Chaves Monteiro. A requalificação e gestão do Hotel Turismo tinha sido concessionada à MRG Property e MRG Construction, no âmbito do Programa Revive, em maio de 2018. Posteriormente, o grupo alegou dificuldades financeiras para desistir da concessão, que tencionava ceder à Green Endogenous. No entanto, o Ministério das Finanças nunca deu formalmente aval à cessão de posição contratual.
De acordo com o caderno de encargos, o concessionário comprometia-se a construir, até 2022, uma unidade hoteleira de quatro estrelas que devia ocupar, no mínimo, 55 por cento da área bruta de construção, ligada ao tema da neve, com 50 quartos e outras valências, como SPA, restaurante e componente formativa. Na área restante poderiam surgir serviços e comércio, bem como uma residência sénior ou uma residência de estudantes. O investimento anunciado rondava os sete milhões de euros. Em contrapartida, a gestão do futuro Hotel Turismo era concessionada por 50 anos a troco de uma renda anual de 63 mil euros. O Hotel Turismo, que está devoluto desde 2012, foi projetado em 1940 pelo arquiteto Vasco Regaleira e concluído em 1958, sendo um dos edifícios mais emblemáticos da cidade da Guarda.