Marques Mendes esteve segunda-feira na Guarda para apadrinhar a candidatura de Ana Manso à autarquia, cuja escolha foi muito contestada. O presidente do PSD aconselhou a candidata a «prometer pouco para fazer mais, e só aquilo que tem a certeza de poder concretizar», porque os guardenses estão «fartos de promessas». Entre outras recomendações. A sala do Hotel Turismo esteve cheia para a sessão de apresentação da candidatura social-democrata, mas pouco entusiástica. À hora da verdade quase todos estiveram presentes, inclusive os mais contestatários, como Álvaro Amaro, Júlio Sarmento, José Gomes e Rui Quinaz. A maioria dos autarcas do distrito também não faltou.
A líder da distrital laranja, que prometeu apresentar o programa eleitoral e a equipa no próximo mês, defendeu a construção de um parque tecnológico que inclua a plataforma logística, mas também a requalificação das freguesias rurais, a criação de um cartão municipal para os idosos, parques de estacionamento e mais espaços verdes. Ana Manso afiançou ainda que não abdica dos novos eixos de desenvolvimento da cidade, «junto à Quinta do Pina e à nova Alameda da Ti’Jaquina», nem da criação de uma rede de empresas municipais que garanta «a gestão moderna de recursos a nível da água, do saneamento e dos equipamentos». A candidata pretende também reflorestar o concelho e certificar os produtos regionais. Porém, Ana Manso não abdica de uma coisa: «Lutar por um novo hospital na Guarda», prometeu, responsabilizando a autarquia por não «pensar seriamente» no assunto. Já a plataforma logística «desilude os empresários a quem se destina», considerou, enquanto o Polis «nada acrescentou até agora à cidade», criticou. Por isso, assume que primeiro será necessário «sanear as finanças municipais» e deitar depois mãos à obra para que a Guarda seja «mais forte, mais farta, mais formosa, mais fiel e mais feliz».
Marques Mendes reiterou por sua vez o apoio do partido a Ana Manso – «a candidata do PSD à Câmara da Guarda», insistiu – e lembrou que «em democracia, não há lugares vitalícios, há mudanças, que ainda não foram exercidas por aqui». Como tal, as próximas autárquicas são uma oportunidade para «dar sangue novo e uma lufada de ar fresco à Guarda», espera o líder social-democrata, dizendo-se «chocado» com o facto do actual Governo ter abandonado o projecto do novo hospital e da postura «pouco reivindicativa» do PS e autarquia local. «Se houver um verdadeiro espírito de cidadania, os guardenses vão ter nas autárquicas a oportunidade de mostrar o seu repúdio e crítica ao PS pelo que fez», sugeriu. O presidente laranja recomendou ainda que a candidata «coloque os interesses das pessoas acima do partido». Mas deixou outros recados. «Agora deve formar a sua equipa, escolhendo o mais credível e o mais capacitado», aconselhou Marques Mendes, garantindo que os apoios no plano nacional «não lhe faltam». Por tudo isto, «esta deve ser uma candidatura de abrangência e união para congregar a cidade da Guarda», espera.
José Gomes disponível para colaborar «com o PSD»
Em pé, num dos lados da sala, José Gomes assistiu atentamente à apresentação da candidatura de Ana Manso. No final, o militante sentia-se derrotado, mas mantinha a convicção que o seu projecto tinha características «muito próprias» e continuava «naturalmente a acreditar que seria o melhor». Entre vencedores e vencidos, agora o tempo «é de trabalhar», garante o engenheiro, que vai apoiar o seu partido. «Aliás, como sempre», acrescenta. Quanto às querelas partidárias que antecederam este desenlace, José Gomes diz suscintamente: «Havia dois projectos diferentes, um liderado por Ana Manso e outro por mim. O meu criou algumas expectativas que acabaram defraudadas, mas o partido decidiu». No entanto, considera que todos têm agora que trabalhar «em prol, não do partido, mas da Guarda» e até admite que ambos os projectos «não são incompatíveis, mas as coisas também não são simples operações aritméticas», conclui. Mas remete para a candidata a definição das regras e do programa a propor ao eleitorado da Guarda. Confrontado com a hipótese de integrar a equipa de Ana Manso, José Gomes não duvida que a candidata «já tem esses problemas resolvidos». De resto, espera que a líder distrital seja «responsável pela vitória», até porque o PSD «não pode defraudar as expectativas que as populações têm no partido». Pela sua parte, garante que está «sempre disponível para colaborar com o PSD».
Patrícia Correia