Especial "O INTERIOR - 20 Anos, 20 Autores"

A memória de duas décadas de O INTERIOR

Escrito por Jornal O INTERIOR

Livro “O INTERIOR – 20 Anos, 20 Autores” foi apresentado no sábado e está, a partir desta quinta-feira, nas bancas e proximamente nas bibliotecas escolares da região

Para assinalar duas décadas de existência, O INTERIOR desafiou alguns dos seus colaboradores a resumir um ano de notícias. O resultado foi apresentado no sábado, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda. Em “O INTERIOR – 20 anos, 20 Autores” passa-se a limpo a história recente da região, recordam-se acontecimentos, protagonistas, polémicas, promessas falhadas e obras concretizadas.
Coube a Fernando Carvalho Rodrigues apresentar a obra, via “Zoom”, com uma dissertação sobre um país de costas voltadas. «As “low-cost” levam os habitantes de Lisboa ou Porto a Paris ou a Londres pelo mesmo preço, ou até menos, que têm que pagar para vir até à Guarda», exemplificou o cientista, para quem os problemas do interior são «sintomas da doença que afeta o país», onde os concelhos do litoral são «produtores entrópicos». Por isso, Carvalho Rodrigues, agora radicado em Casal de Cinza (Guarda), disse esperar que este livro venha a ser conhecido como «a nova lenda da Beira», numa alusão à obra musical que o portuense Alfredo Napoleão compôs no século XIX para «este interior que não se sente culpado de ser interior».

Os elogios a O INTERIOR começaram com o reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), segundo o qual «um jornal noticia os factos e publicita opiniões, é isso que O INTERIOR faz e tem-lo feito muito bem». António Fidalgo destacou também «a independência» deste semanário face aos poderes instalados na região: «Isso deve-se muito ao seu diretor. Sabemos como é difícil, mas O INTERIOR tem-lo feito, tem criticado, tem posto o dedo na ferida, tem ganhado inimizades – às vezes, muitos inimigos, muita honra, como dizia Francisco Iº, rei de França», contrapôs. E numa altura em que a Internet e as redes sociais fazem perigar o futuro do papel, o antigo professor de Semiótica não tem dúvidas que «não são os meios tecnológicos que ditam o êxito de um meio de comunicação, é a isenção, a independência e a ética do bem informar; e O INTERIOR está aqui para provar isso».

Por sua vez, o presidente da Câmara da Guarda, que apoiou a edição do livro, declarou que O INTERIOR tem sido sinónimo de «resiliência, persistência e defesa do território e de causas relevantes para a prosperidade desta comunidade». Para Carlos Chaves Monteiro, este livro comemorativo é «a memória destes 20 anos, do que se fez, do que devia ter sido feito e do que não se fez». Mas é também retrato de «um concelho que combate todos os dias para trazer mais desenvolvimento, mais gente, mais conhecimento, mais massa crítica». Já Joaquim Brigas, presidente do IPG, outra instituição que apoiou a publicação, destacou que O INTERIOR é «uma referência» da imprensa regional e disse esperar que continue «na sua linha crítica, de rigor e de atenção ao que se passa neste território porque é necessário continuar a afirmá-lo, a estar atento e a colocar os pontos nos i’s, mesmo que nem sempre seja agradável, por forma a que possamos evoluir».

A sessão terminou com Ana Abrunhosa a destacar a importância de um jornal que fala «sobre a nossa comunidade, para a nossa comunidade e que antecipa os temas que realmente nos interessam». A ministra da Coesão Territorial, que estudou no antigo Liceu da Guarda vinda da Mêda, acrescentou que a missão dos jornais é dar às pessoas «a arma mais importante que todos temos, hoje cada vez mais: a informação». Contudo, reconheceu que a imprensa regional está hoje a viver um momento crítico devido à pandemia. «Se considerarmos que a imprensa regional presta um serviço público, então é obrigação do Estado apoiá-la nestes momentos difíceis», afirmou, antes de reiterar que o país e estes territórios «mudaram muito» nestas duas décadas. O problema, considerou Ana Abrunhosa, é a desertificação: «Sou muito realista, já não sonho, nem sequer penso, que será possível voltarmos a ter no interior alguns territórios com a população que tinham, mas do que não podemos abdicar é de resolver os problemas do país, que passam por valorizar estes territórios», declarou.

«O que falta a estes territórios são pessoas, o resto conseguimos fazer», prosseguiu a ministra, recordando que a pandemia fez do interior um «porto de abrigo» de muitas famílias, por isso «esta é a verdadeira oportunidade de colmatarmos os seus problemas». Ana Abrunhosa felicitou «a resiliência», mas também o humor, do jornal O INTERIOR, ao qual pediu que continue «a ajudar esta perceção pública que temos do território, às mudanças que estão a nascer». Garantiu ainda que «não há impossíveis» e que trabalhar pela coesão desses territórios «não é só missão do Governo, é de todos nós, trabalhando uns com os outros».

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Jornal O INTERIOR

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