Defender a superioridade biológica ou étnica de um grupo de seres humanos é idiota em qualquer circunstância. Admito que, sem cair em discursos racistas, cada pessoa possa ter uma admiração particular por determinadas características de alguns povos, como, por exemplo, a beleza delicada das mulheres eslavas, a inteligência refinada dos intelectuais judeus, ou o paladar apurado das tribos antropofágicas da Papua.
Mas acontece que ser simultaneamente supremacista branco e nacionalista português é um oxímoro, e dos parvos. Ou bem que se defende a identidade nacional (um terço berbere, um terço sefardita e um terço Neanderthal) ou se defende a superioridade da raça branca, que é própria dos europeus do Norte.
Ao contrário dos encapuçados, tenho convicções de submacia (o contrário de supremacia) portuguesa – se o país fosse governado por estrangeiros, isto talvez não estivesse sempre a bater no fundo. E é por esta razão que eu não compreendo a atitude dos racistas e xenófobos de querer expulsar os estrangeiros de Portugal. Se os odeiam e lhes querem mal, não deviam mandar embora os forasteiros, deviam era proibir que essas pessoas pudessem sair do país. Isso sim, ficar em Portugal é que era castigo. Além disso, um bom nacionalista saberia que os portugueses atingem graus de excelência apenas quando se encontram no seu habitat natural, que é qualquer país estrangeiro. Consequentemente, a superioridade mundial da Lusitânia só será alcançada quando todos os portugueses forem emigrantes.
Outra incongruência é a irritação que causa aos neo-fascistas que os estrangeiros possam aceder à Segurança Social portuguesa. Uma vez mais, é incompreensível. Se têm o sonho húmido de aniquilar um segmento da população, nada melhor do que deixá-los à mercê do Estado-providência nacional. Mais eficaz, só permitir que os estrangeiros frequentem lares de terceira idade.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia