Vivemos uma realidade tal em todo o mundo que o único assunto que verdadeiramente interessa é a epidemia do coronavirus. Na aldeia global em que se transformou o planeta, o dia de trabalho de Donald Trump, de Vladimir Putin ou de Xi Jìnpíng, é praticamente igual ao do presidente da Junta de Freguesia da minha aldeia, ou do presidente da Câmara da Guarda: todos estão ocupados a tentar minorar os efeitos da pandemia.
Com a maior parte da população em casa, é de elementar justiça falar daqueles que, enfrentando riscos, vão trabalhar para que a maior parte possa proteger-se ficando em casa. Quem trabalha nas gasolineiras, nos supermercados, quem conduz camiões TIR pelo país e pela Europa, comendo e dormindo nas cabinas, são heróis anónimos que merecem o nosso agradecimento.
O mesmo se diga de quem continua a plantar e a colher frescos e a levá-los aos mercados, a tratar animais e a entregá-los no matadouro, a quem mantém os talhos e as padarias abertas e todas as lojas e mercearias de bairro que permitem ficar em casa à espera que passe esta hora negra.
Quero também mencionar todos os que trabalham em IPSS e que cuidam de idosos, o grupo de risco por excelência desta pandemia, e que se mantêm ao lado deles, para os alimentar e lavar, muitas vezes dormindo nos lares e ficando dias sem ver a família para cuidar dos seus utentes. Seja nas instituições que levam refeições a casa de pessoas, seja nas autarquias, seja nas empresas, é notável o trabalho que tantas lideranças estão a fazer para manter os trabalhadores ativos e, recebendo o mesmo salário, fazerem muito mais por todos nós.
Esta crise prova, assim, que não é só nos trabalhadores do Estado que existe o espírito de serviço público. Ainda assim, realce-se a forma competente como os profissionais de saúde se têm comportado nesta crise: a contenção do número de mortos nestes primeiros dias de contágio tem a ver com isso, independentemente do que o futuro nos trouxer.
Permitam-me também uma palavra para as forças e serviços de segurança: de uma forma generalizada, mantiveram-se firmes nos seus postos na linha da frente e, com firmeza, mas com civismo e pedagogia, têm dado o seu melhor para manter Portugal um país seguro e funcional.
A dar o seu melhor está também o Hospital Sousa Martins, da Guarda, que devido às competências em Pneumologia, faz parte do grupo de cinco hospitais nacionais referência de “segunda linha” para a contenção do Covid-19.
A todos os que estão a sair de casa todos os dias para trabalhar, bem hajam!
E protejam-se!
* Dirigente sindical