“Tremendismo”

Escrito por Diogo Cabrita

Não vem de trevas, nem são termas, nem chega de temendo que treme, mas é uma derivação de tormenta, de tremendo que é grande. Um inesperado vírus de média dimensão soltou-se do mar e veio atormentar os crentes e os ateus. O mostrengo acordou os viajantes, os turistas, os que reúnem por todo o lado, as casas de prazer, os ganhos com afetos, a restauração, os jogos coletivos, a cultura, as salas de espetáculo. Atacou mais ainda os pedintes, os que vivem da esmola, os que dependem da caridade nos semáforos, nas portas dos cafés. Sem transeuntes afundam-se na fome. Um negro tempo vem por aí criando a sensação de insegurança, libertando o medo cego, a emoção mais pobre. Solta-se a cobardia em vez do beijo, levanta-se o isolamento por vez do abraço. Agora são todos Trump e querem cercas, muros e distância. Arreda satanás! Os fenómenos que convertem a besta em bestial são os mesmos que levam o doce para amargo, o fantástico a converter-se num biltre. Os bancos – já nós sabíamos – personificam a ganância, a ausência de solidariedade. O que me preocupa neste monstro pequeno que agora nos alcança são as megaempresas de milhares de salários. Uma Zara (Inditex), uma waktowalk, uma Decathlon, uma Leroy Merlin representam TSU aos magotes, são garantia de milhares de empregos e num repente ficam de portas fechadas. Quanto tempo aguentam a uma escala europeia o seu encerramento? Mil empregados a 650 euros de salário e 450 de TSU e outras obrigatoriedades perfaz 1 milhão de euros por mês. Para a Inditex podem ser 10 milhões na escala europeia. São pagamentos sem entrada de ganhos. Estas empresas pagam IVA na percentagem das vendas e, portanto, ao Estado não chegará o contributo de IRC e de IVA. Depois do Mostrengo na saúde virá o bolso vazio e depois o caos da burocracia do incumprimento. É o “Godzila” a trazer os filhos e cada um quer comer uma fatia.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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