O Tribunal de Coimbra condenou esta segunda-feira cinco de seis arguidos acusados de tráfico de seres humanos a penas efetivas de prisão, entre seis e sete anos. Quatro deles eram da mesma família e tinham residência na área do concelho da Covilhã.
Destes dois foram condenados a sete anos de prisão efetiva, um a seis anos de prisão e outro a cinco anos de prisão suspensa na execução – por colaborar com as autoridades – afirmou o juiz João Ferreira, durante a leitura de sentença. Os quatro arguidos foram condenados pela prática de oito crimes de tráfico de seres humanos entre 2013 e 2018, um por sete crimes de tráfico de seres humanos e outro por seis. Todos os arguidos estavam acusados de integrar um grupo que ludibriava homens em situações económicas vulneráveis (a maioria eram sem-abrigo) para irem para explorações agrícolas em Espanha. À chegada eram depois obrigados a trabalhar sem descanso e sem qualquer pagamento referia o Ministério Público, na acusação a que a agência Lusa teve acesso. O principal foco de “recrutamento” era nas cidades de Aveiro e Coimbra.
A alimentação dos trabalhadores era feita em quantidade reduzida e de fraca qualidade, sobretudo «salsichas e enlatados, arroz, massa e batatas e, esporadicamente, carne», que se resumia a aparas de frango para dar aos cães. Segundo as contas do Ministério Público, o grupo ter-se-á apoderado de, pelo menos, 215 mil euros que deveriam ter sido pagos às vítimas. O juiz João Ferreira vincou ainda que, para além de condições de habitação e alimentação indignas, as vítimas eram sujeitas a ameaças e a violência física. O Tribunal deu como provada grande parte da acusação, com «algumas exceções relevantes».