Não é fácil definir o génio, já que se trata de um conceito que invoca não só uma capacidade acima da média para a criatividade e para a excelência, mas uma capacidade intrínseca que antigamente se considerava inata, uma espécie de dádiva dos deuses.
Sabe-se que algumas capacidades relacionadas com a perceção musical, e que têm uma importante componente hereditária, podem ser características dos génios musicais. Por exemplo, verificou-se com o chamado ouvido absoluto, a capacidade de reconhecer o tom do som sem nenhuma referência sonora. A probabilidade de uma pessoa ter ouvido absoluto é quatro vezes maior se algum dos seus progenitores o tiver, ainda que se saiba que a aprendizagem precoce da música facilita a muitas pessoas a aquisição desta capacidade. Possuir ouvido absoluto modifica o funcionamento cerebral dos seus detentores. Estas pessoas mostraram diversas capacidades, como identificar as notas de forma isolada ou simultânea junto de outras notas, ou reproduzir na perfeição uma melodia ouvida uma só vez sem recurso a uma partitura.
Graças a técnicas de neuroimagem pode seguir-se atualmente a pista anatómica desta capacidade musical. Esta ideia começou em meados do século XIX, quando o cérebro de Hans von Bulow, destacado pianista e maestro, foi analisado após a sua morte. Revelou um tamanho maior para algumas regiões cerebrais, entre elas a circunvolução superior do lobo temporal. Estudos posteriores sugeriram que o tamanho do planum temporale é maior em pessoas com capacidades musicais extraordinárias.
Também se tentou localizar a região da genialidade musical investigando pessoas com perdas de capacidades musicais devido a traumatismos ou acidentes cerebrais. Em geral, a genialidade tem sido sempre associada a personalidades que apresentam uma maior frequência de doenças mentais. Decerto famílias como a de Bach apoiam a ideia de um componente genético da genialidade musical. Dos 54 antepassados, parentes próximos e descendentes masculinos de Johann Sebastian Bach, 47 foram músicos e 17 compositores. Há, sem dúvida, um claro fator ambiental, mas este também se encontra em famílias como as de Purcell, Couperin ou Schumann, e nelas não se observa este fenómeno.