Várias dezenas de convidados descobriram segunda-feira no Hotel de Turismo o que o olhar dos guardenses já não vê no espaço urbano da sua cidade. Pequenos pormenores, como os números de polícia, os logótipos, as placas de toponímia ou os gradeamentos e portões, passando também pelas janelas, varandas, cantarias, portas e ornamentos arquitectónicos, ganharam visibilidade em “Guarda – Apontamentos Gráficos e Urbanos”, um livro de António Saraiva, arquitecto e actual director-executivo da PolisGuarda. «Com certeza que muitos de nós, ao percorrer a cidade, já olhámos para os apontamentos referidos sem que, no entanto, nos tenhamos apercebido da sua riqueza, originalidade e diferença», escreve o autor. Trata-se de uma recolha exaustiva de verdadeiros ícones arquitectónicos que contribuem para uma «singularidade e identidade urbana que pode desaparecer à medida que novas construções substituem os edifícios antigos», acrescenta António Saraiva, que elaborou como que um testamento de símbolos e imagens, que muitos não identificam à primeira vista. Este livro é por isso um convite para olhar o espaço da cidade com olhos de ver e descobrir estes e outros preciosismos técnicos e artísticos. “Guarda – Apontamentos Gráficos e Urbanos” acaba assim por ser também uma homenagem do autor ao «notável trabalho» de pedreiros, carpinteiros e ferreiros que «enriqueceram» o património da Guarda, refere o arquitecto. Destaque ainda para a qualidade do trabalho fotográfico de Arménio S. Bernardo, que conseguiu ângulos verdadeiramente surpreendentes deste património que nunca esteve escondido.