Filho de um sapateiro que era também músico e escutista, o seu nome, estranhamente familiar, foi-lhe dado pelo pai, que escolheu batizá-lo em homenagem a Robert Baden-Powell (fundador dos “boy scouts” e cofundador das “girl guides”/ “girl scouts”) de quem era grande fã.
Esta decisão resultou, mais tarde, numa invulgar coincidência entre duas figuras marcantes na nossa história e célebres entre o público que ficaram conhecidas para a posteridade pelo mesmo nome. Baden-Powell de Aquino, o músico, nasceu em 1937 em Varre-Sai, no Brasil, e iniciou-se na música com o seu pai, que, embora fosse violinista, lhe apresentou a guitarra e lhe ensinou os primeiros acordes. Cedo começou a ter aulas particulares, após as quais ingressou na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro. Contrariamente a muitos músicos que veem o seu caminho para o sucesso dificultado, Baden-Powell começou a ser requisitado logo quando era ainda um jovem adolescente, muito provavelmente devido ao seu cativante carisma e à sua precoce desenvoltura musical.
Nunca se dedicou a explorar um só estilo musical, tocando jazz, música clássica, samba, canções populares e compondo afrosambas, um conceito criado por si em conjunto com o poeta Vinícius de Morais, com quem desenvolveu uma das suas várias e mais profícuas parcerias. Ainda que possam parecer demasiados estilos para serem bem dominados, Baden-Powell prova ter, nas suas performances e gravações, uma compreensão profunda de cada um e um à-vontade notável em qualquer contexto musical. Não elegeu um estilo musical específico para ser o seu preferido, mas possuía – é inegável – um estilo seu, forte, enérgico, muito próprio, capaz de capturar irremediavelmente a atenção do público, fosse qual fosse a sua nacionalidade.
Joana C. Pereira