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Faça Neve ou faça Sol

Não, não é um libelo promocional para dar uma ajudinha ao presidente da Câmara de Gouveia a publicitar as políticas turísticas dessa cidade serrana. Simplesmente a frase teima em meter-se comigo desde que a ouvi numa entrevista dada pelo presidente da edilidade gouveense. Parece que a ideia é atrair a Gouveia turistas, realçando ao mesmo tempo as características climáticas e/ou climatéricas da região. Não se admire pois o leitor se dentro de algum tempo vier a dar de caras, num destes “outdoors” de tamanho xiszelado (duvido que tal palavra exista, mas a ideia, essa é clara), com a frase lapidar e emblemática “faça Neve ou faça Sol, Gouveia sempre”. A recordação de outra frase do género é imediata para quem já cá anda há uns anitos. “Faça chuva ou faça sol, beba….”. Deve ter sido essa a inspiração. De qualquer forma, é uma frase que se insinua, que se cola ao pensamento, Faça Neve ou faça Sol … Mas vamos ao que interessa. No dia de finados fiz um passeio pela Serra da Estrela. Partindo da Guarda aproveitei o facto da A23 ainda não ser “ex-SCUT” e em meia hora pus-me na Covilhã. Depois foi subir nas calmas até às Penhas da Saúde, onde pude constatar o crescimento da aldeia de montanha (que, pelos vistos, se apresta para inaugurar um bar tipicamente nórdico) e, como não podia deixar de ser, dei a costumeira voltinha no ponto mais alto de Portugal Continental, a velhinha e sempre muito concorrida Torre. Sem parar, pois as condições aí não eram as melhores, passo depois pelas pistas de esqui, já a caminho da Lagoa Comprida. Mais uns dias de neve e a temporada é capaz de ser iniciada. É no regresso à Guarda e após a aldeia do Sabugueiro (cada vez mais confusa com tanto comércio desordenado), que decido optar pela estrada que liga a Gouveia. Em boa hora o fiz. O percurso por este lado da serra é diferente daqueles que ligam à serra pelas outras encostas. Há mais vegetação, mais verde. O horizonte é aberto. Há um mar de terra que se abre em direcção a Viseu, a Nelas e a Fornos. Passo pela Cabeça do Velho, que para se admirar na totalidade tem que ser observada do sítio exacto, que é aquele onde a placa informativa se situa. Uma perfeição. Depois já perto de Gouveia, vem outra novidade agradável. Parece que, por fim, alguém se dispôs a fazer aquilo que há muito a serra pede. Começam a ver-se manchas de reflorestação de pinheiros. Já não era sem tempo, penso. E foi com estes pensamentos positivos que entrei em Gouveia. Aí chegado, estacionei o carro no parque em frente ao mercado, e dei uma voltinha pelo centro. Deu para ver que a vida na cidade vai mexendo. Há novos estabelecimentos hoteleiros, vêm-se muitas casas de fachadas recuperadas e o movimento de pessoas, não sendo excessivo, também não é de desprezar. Sinais evidentes de dinamismo. Associo então estas ideias à notícia que ouvi de mais uma inauguração de um percurso pedestre em Gouveia. Entretanto leio uns cartazes nas montras que informam da realização próxima da feira do mel e da castanha e da feira gastronómica das sopas. No meio destas cogitações vem-me à lembrança as verbas recentemente divulgadas sobre o PIDDAC. Gouveia, se não estou em erro, foi quem levou mais. Será porque se candidatou com mais projectos? Será porque em Gouveia se vai fazendo um bocadinho mais do que no resto dos concelhos do nosso distrito?

“Faça Neve ou faça Sol….”.

Por: Fernando Badana

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