A mão lida como uma magia ou uma lógica dificilmente aceite pela multidão é um pantáculo, um lugar de todas as coisas. A mão faz a arte, garante a higiene, permite a defesa, acaricia o amor, sacia os desejos próprios e externos, assim surgindo há centenas de anos o fascínio da sua leitura. Há a quiromancia que deriva de mancia ou adivinhação e a quirologia da lógica possível no quiron, aquele que da magia faz medicina construindo uma prática repetível, comparada e verificável. O fascínio das mãos vem das suas linhas, montes e símbolos que podem definir o trajeto e as razões, emoções e consistências e saberes de cada um. Podemos imaginar-lhe os conflitos, antecipar interceções, prever dramas, olhar de modo incrível o passado e suas zonas escondidas ou sabiamente silenciadas. A linha da mão nascerá com a da cabeça revelando uma vida orientada pela razão. A vida nasce com o coração e teremos uma emoção a gerir o caminho. A linha dos destinos para mim é a dos humores socráticos, aquele que nos diz se somos de fel, de urina, de água ou de sangue. Na água deixamos morrentes as ofensas, já os coléricos se empertigam com a maldade. O humor bilioso é o mais difícil e o encontrarão nos vizinhos e alguns invejosos. A mão tem o monte de Vénus que dá transparência à sexualidade: ui! Revelações, ai! Não fale disso, eh pá! Isso não é verdade e as faces rubras envergonham. No monte de Júpiter estão as realizações pessoais. Um farto monte é sinal de sucesso. A mão é uma brincadeira de amigos, mas um espaço de ir direto à intimidade sem chaves e sem portas. Esta linha que cruza aqui, pressupõe uma vida dupla, um encontro travesso. Ups, estamos no segredo. Esta intensidade do coração é amor fiel, mas esta largura e estas cruzes são conflitos. Não existiam no início: Bum estamos a ver um momento especial. Falamos disto?
Pantáculo
