Existe um grande número de definições das ciências, podendo distinguir-se três níveis. Num primeiro nível, muito geral, as ciências designam conjuntos organizados de conhecimentos relativos a certas categorias de enunciados de observações ou de fenómeno. Trata-se nesta altura de ciências biológicas, de ciências sociais, de ciências políticas, de ciência físicas, de ciências da educação, etc.
No segundo nível as ciências designam, além do que procede, um método racional e rigoroso que permite alcançar determinados saberes a respeito de enunciados de observações e de fenómenos. Este método atribui um papel de primeiro plano à experimentação.
Num terceiro nível, o mais pertinente quando se trata de ciências físicas, biológicas, da Terra e do Espaço, as ciências designam o método experimental e os saberes que esse método permite adquirir, nos domínios do universo material e do universo vivo. Esta última linha de pensamento compreende dois aspetos: o método e os saberes. O método corresponde a um conjunto de ações: procurar semelhanças, observar, emitir hipóteses, resolver problemas. Os saberes são o resultado da aplicação deste método: os enunciados de observações, os conceitos, as leis, as teorias e os modelos.
Todas as ciências apresentam determinadas características comuns. As ciências procuram primeiro descrever com fidelidade, de uma maneira sistemática, corpos, organismos ou fenómenos. Durante o seu desenvolvimento qualquer ciência conhece geralmente uma primeira fase durante a qual a descrição ocupa um lugar preponderante. Nos séculos XVI e XVII, por exemplo, a botânica e a biologia consistiam, sobretudo, em descrever e classificar as plantas e os animais.
As ciências pretendem em seguida explicar ao estabelecer leis gerais a partir dos fenómenos observados. Essas leis são verificadas por experiências controladas. Uma ciência que relega para segundo plano o seu papel descritivo e começa a enunciar leis explicativas que podem ser verificadas de uma maneira experimental atingiu uma certa maturidade.
Chegada a uma fase de desenvolvimento relativamente avançada, a ciência pode nessa altura predizer determinados acontecimentos e fenómenos. Uma excelente maneira de verificar o valor de uma lei científica consiste em utilizá-la para formular uma predição. A predição da descoberta do planeta Neptuno ou a predição do desvio da luz de uma estrela pelo Sol são exemplos célebres.
Associamos muitas vezes as ciências a uma atividade de especialista, que decorre em laboratório. Acontece-nos a todos, contudo, como o Sr. João, em “O Burguês Fidalgo”, que fazia prosa sem o saber, encontrar respostas para as nossas perguntas de uma maneira científica. Fazer variar alternadamente as quantidades de água, de luz e de adubo dadas a uma planta doente até ela ficar com melhor aspeto, ou modificar a quantidade de açúcar ou de manteiga de uma receita de bolo até que o sabor nos satisfaça, são exemplos de experimentação controlada.
É preciso admitir, contudo, que as ciências exigem um esforço intelectual especial. Além do facto que recorrem a um linguagem científica simbólica e matemática, as ciências implicam muitas vezes uma profunda modificação das maneiras de encarar o mundo. Qualquer pessoa que estude as ciências deve questionar as suas conceções habituais e reconstruir, pouco a pouco, conceitos mais abstratos e mais complexos. Por exemplo, se deixarmos cair ao mesmo tempo uma grande rocha e uma pequena rocha elas chegam ao chão ao mesmo tempo.
Além disso, alguns objetos muito pesados flutuam, enquanto outros, muito leves, vão ao fundo. A observação de fenómenos com estes pode conduzir a pôr em questão certas conceções.