O contrato de concessão ao consórcio MRG foi assinado na sexta-feira, em Lisboa, facto que desagradou Álvaro Amaro, que reclama os louros pela reabertura da unidade. Um papel já contestado pelos socialistas. O presidente da Câmara «pode agradecer ao PS» por esta solução, pois «as suas na vigência do Governo de Passos Coelho falharam redundamente», respondeu Pedro Fonseca.
O Hotel Turismo da Guarda já foi concessionado ao agrupamento de empresas MRG que tem agora quatro anos para abrir uma nova unidade de quatro estrelas. O contrato foi assinado na sexta-feira, em Lisboa, por Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, entidade proprietária do imóvel, e pelos representantes do consórcio MRG Property e MRG Construction, apanhando todos de surpresa na Guarda.
A começar pelo presidente da Câmara. Para Álvaro Amaro, «não houve respeito institucional» pelo município, nem o Governo teve «a coragem de assinar contrato na Guarda porque o PS tem vergonha do que fizeram no passado e sabe que a solução deve-se à mudança política que houve na autarquia em 2013». O edil garantiu ainda que não permitirá que «se branqueie a história» e reclamou os louros pela reabertura do hotel, devoluto desde 2012. «Este desfecho deve-se a mim e a todos, por isso não deixem que nos tirem esse mérito», afirmou Álvaro Amaro na tomada de posse de Tiago Gonçalves na concelhia do PSD da Guarda. No sábado. os sociais-democratas cerraram fileiras em torno do presidente da autarquia para contestar a forma «vergonhosa e envergonhada» como o atual Governo concluiu um processo «desbloqueado» por Álvaro Amaro, sublinhou Carlos Peixoto, líder da Distrital. Já o novo dirigente concelhio estranhou que as duas concessões anteriores do programa REVIVE tenham sido rubricadas em Elvas e nas Caldas da Rainha: «Porquê procedimentos diferentes para situações idênticas?», interrogou Tiago Gonçalves, que pediu explicações ao PS por este contrato com a MRG ter sido feito «nas costas dos guardenses».
A resposta veio de Pedro Fonseca. Em declarações a O INTERIOR, o presidente da Federação da Guarda desvalorizou a polémica criada pelo PSD dizendo que a assinatura do contrato em Lisboa é o «procedimento normal». E contra-atacou: «Álvaro Amaro está mal informado e assessorado porque nas Caldas da Rainha e em Elvas foram assinados, tal como na Guarda, os memorandos de entendimento. O contrato só foi rubricado na cidade alentejana porque o edifício era propriedade da Câmara, que também lançou o concurso». Pedro Fonseca realça que foi o Governo socialista, «com o contributo do PS da Guarda», que «resolveu o problema que outros atores e partidos que foram poder durante anos não conseguiram solucionar», pelo que não tem dúvidas em afirmar que «foi o PS que devolveu o Hotel Turismo à Guarda». Cáustico, afirma mesmo que «Álvaro Amaro pode agradecer ao PS» a reabertura da unidade, lembrando que as soluções do edil na vigência do Governo de Passos Coelho «falharam redundamente».
Quem também se congratulou com a assinatura do contrato de concessão é Agostinho Gonçalves. O presidente da concelhia socialista da Guarda veio a terreiro, na terça-feira, reiterar que a cidade não foi «desconsiderada», uma vez que «nenhum contrato de concessão, que fosse incumbência da Secretaria de Estado do Turismo, foi assinado na cidade respetiva». Em comunicado, o líder do PS local anuncia ainda que a secretária de Estado Ana Mendes Godinho virá à Guarda para «o assinalar simbólico» do início da requalificação do Hotel Turismo, sem adiantar datas. «Querer fazer de todos os atos uma forma de promoção política, de colagem a soluções que não se apoiavam, é politiquice barata, meros laivos de populismo insignificante, que por objetivo prosseguem conquistas alheias», critica Agostinho Gonçalves, que não alinha em «“números” de oportunismo e “show off” político». «Uns prometem, outros cumprem», constata o socialista.
Hotel concessionado por 50 anos
A concessão do Hotel Turismo é feita por 50 anos, mediante uma renda anual de 63 mil euros, e a recuperação do edifício situado na Praça do Município vai envolver um investimento estimado em 7 milhões de euros que dará origem a uma nova unidade hoteleira de quatro estrelas em 55 por cento, no mínimo, da área bruta de construção.
O futuro hotel, ligado ao tema da neve, terá 50 quartos e outras valências como spa (também acessível aos residentes no município) e restaurante. A unidade terá ainda uma vertente de formação. Para a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, «este é mais um marco importante no desenvolvimento do programa REVIVE, e que vem resolver uma situação que se arrastava desde 2012», voltando «a dar vida a um imóvel tão importante e emblemático para a Guarda». Projetado em 1936 por Vasco Regaleira, o Turismo é um dos edifícios mais emblemáticos da cidade e está devoluto desde 2012. Um ano antes tinha sido comprado à Câmara pelo Turismo de Portugal por 3,5 milhões de euros. Em 2015 foram lançados dois procedimentos destinados à venda do hotel, em condições que não atraíram interessados, pelo que o atual Governo avançou com a integração do imóvel no REVIVE. O concurso para a requalificação e gestão da unidade guardense foi o terceiro a ser lançado no âmbito daquele programa.
Luis Martins