Os três candidatos à presidência da Federação do PS da Guarda “prestaram provas” na passada sexta-feira num debate organizado pela JS. Alexandre Lote, José Luís Cabral e Pedro Fonseca disseram ao que vêm e o que querem para o partido no distrito. As eleições realizam-se amanhã.
Realizada no auditório da Associação Comercial da Guarda, a sessão destinou-se a «tirar dúvidas», como disse Fábio Pinto, presidente da Federação da JS e moderador da iniciativa, e a conversa foi serena, cordial e elucidativa. Da assistência foram sorteadas seis questões (de militantes da JS e do PS) e nas respostas Alexandre Lote e José Luís Cabral aproveitaram a oportunidade para marcar a diferença relativamente a Pedro Fonseca, um socialista recente. O primeiro sacou dos galões e «da competência» para lembrar que os socialistas ganharam em Fornos de Algodres em 2013, onde nunca tinham sido poder, com «trabalho» e «resistência» quando liderava a JS local. «Sei o que é estar na oposição numa concelhia pequena e o que é estar no poder», afirmou Alexandre Lote.
Por sua vez, José Luís Cabral invocou os seus 25 anos de militância, a presidência da concelhia de Celorico da Beira e as funções de vice-presidente e presidente daquela autarquia nos últimos três mandatos. «Ao longo destes anos adquiri experiência que quero por ao serviço do PS e contribuir para uma nova etapa da Federação», disse o candidato. Já o passado de Pedro Fonseca no partido, ao qual aderiu em setembro de 2016, resume-se à eleição para vereador na Câmara da Guarda nas últimas autárquicas. Contudo, o candidato ressalvou que está empenhado em contribuir para a renovação do PS, pois «sem renovação não há futuro». Currículos à parte, os candidatos falaram sobre investimento, a união do partido, a juventude, a sua motivação para concorrer ao cargo e agricultura.
Os militantes presentes manifestaram-se particularmente preocupados com o tema da coesão do partido e quiseram saber quais as propostas dos candidatos após as eleições. Pedro Fonseca foi o primeiro a responder para dizer que nestas eleições «estamos todos no mesmo barco e só vamos decidir quem vai ficar ao leme». Escolhido o vencedor, «temos todos de remar para o mesmo lado», acrescentou, declarando que, se perder, será «o primeiro a pegar no remo». O guardense falou também na necessidade de «uma reaproximação» aos militantes que se afastaram.
Unir para liderar
Já Alexandre Lote considerou que «quem ganha tem que cuidar de quem perde», sendo que os derrotados também devem «respeitar quem ganha». O fornense acrescentou que quer uma Federação «muito próxima» dos militantes e simpatizantes, que devem ser «valorizados». Nesse sentido, compromete-se a realizar um encontro anual para «envolver essas pessoas e ter um partido unido». Para José Luís Cabral, unir é «dar voz aos militantes e ouvi-los», sendo que «quem for eleito não se pode fechar nos gabinetes». «É altura do PS começar a jogar na união para evitar erros como os que aconteceram em cinco concelhias», criticou, aludindo à não realização de eleições nas secções da Mêda, Pinhel, Sabugal, Gouveia e Almeida.
Sobre as motivações que os levaram a candidatar-se, Alexandre Lote respondeu que concorre para «ouvir e defender» os militantes e «aproximar» a Federação das concelhias. «Oiço muito mais do que falo», justificou o candidato, para quem «as pessoas exigem uma Federação interventiva, exigente e reivindicativa». O fornense assumiu também que não quer ser deputado «nem ser nomeado para o que quer que seja» e que, se for eleito continuará, a ser «orgulhosamente» vereador na Câmara de Fornos de Algodres.
José Luís Cabral considerou que está agora motivado na expetativa de contribuir para «uma nova etapa e organização» da Federação. «Quero tamponar tudo aquilo que está mal, e todos sabemos o que está mal. Temos que por o PS como deve ser, mas se calhar não chegam dois anos», avisou. Por seu lado, Pedro Fonseca admitiu que «adora» a política e concorre porque «precisamos de um PS forte no distrito, que seja respeitado no PS nacional e junto do Governo». E, para isso, é preciso que os socialistas da Guarda «se deem ao respeito», referiu, garantindo que, se for eleito, não assumirá «outro cargo político» além de vereador na Câmara da Guarda.
No final da sessão os três candidatos tiveram tempo para uma última declaração, sendo que Pedro Fonseca disse esperar contribuir para haver um PS «forte e ativo, com militantes envolvidos na atividade política do partido». Alexandre Lote prometeu «trabalho, competência, transparência e diálogo» e um partido «moderno para intervir de forma mais assertiva na comunidade». Finalmente José Luís Cabral destacou que quer «revitalizar o PS, estando mais próximo do militante e das concelhias», e reiterou que vai criar um gabinete de apoio para as autarquias e os eleitos. A promessa mais arriscada da noite foi proferida por Alexandre Lote, que sugeriu a criação do Ministério da Coesão Territorial, que deve ficar instalado na Guarda, tal como uma Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural.
Segunda volta em perspetiva
Há 1.666 militantes em condições de votar nas eleições para a Federação do PS da Guarda, cujo novo presidente pode não ser eleito amanhã à noite.
É que o sucessor de António Saraiva vai ter que conseguir 51 por cento dos votos para ganhar, o que se antevê difícil num cenário com três candidaturas. Perspetiva-se por isso uma segunda volta, marcada para 22 de março, com os dois candidatos mais votados. A única certeza neste momento é que Alexandre Lote concorre com listas de delegados ao congresso federativo em todas as 14 secções concelhias, conseguindo para a sua moção estratégica uma ampla base de apoio de 348 militantes. José Luís Cabral apresenta listas em onze concelhos (Aguiar da Beira, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Gouveia, Manteigas, Pinhel, Sabugal, Seia, Trancoso e Vila Nova de Foz-Côa), propondo 152 candidatos a delegados. O celoricense não conseguiu apoiantes para a sua moção na Guarda, Almeida e Mêda. Por sua vez, Pedro Fonseca tem listas de delegados em nove concelhias (Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Gouveia, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Seia e Trancoso), registando 145 subscrições de filiados. Mas as listas carecem da ratificação da Comissão Organizadora do Congresso (COC), presidida por Rita Cunha Mendes. A reunião magna dos socialistas da Guarda está agendada para 24 de março, em Figueira de Castelo Rodrigo.
Estas eleições permitiram também atualizar o ficheiro dos militantes inscritos e a surpresa é que a concelhia da Guarda conta agora 460 filiados – em condições de votar na sexta-feira –, mais 120 do que na recente eleição para a comissão política local. A seção da sede do distrito volta assim a ser a maior da Federação, ultrapassando Celorico da Beira, que tem 258 militantes com quotas pagas. Seia é a terceira com mais inscritos (183) e Vila Nova de Foz Côa a quarta (140). Seguem-se, por ordem decrescente, Figueira de Castelo Rodrigo (98), Fornos de Algodres (96), Mêda (76), Gouveia (75), Trancoso (60), Aguiar da Beira (57), Manteigas (48), Sabugal (41), Almeida (40) e Pinhel (34).
Luis Martins