A Câmara da Guarda é a que tem mais despesas correntes na região, de acordo com os dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no Anuário Estatístico da Região Centro de 2016.
Desde despesas com pessoal à aquisição de bens e serviços, passando por juros e transferências para freguesias, a autarquia da cidade mais alta perfaz um total de cerca de 22 milhões de euros, muito mais que os municípios de Seia (15,8 milhões), Covilhã (15,3 milhões) e Fundão (15,2 milhões). Avaliando apenas o parâmetro das despesas com pessoal, o que se verifica é que as “três grandes” Câmaras da região – Guarda, Covilhã e Fundão – são as que mais desembolsam: 9,7 milhões de euros, 5,9 e 5,6, respetivamente. A essas despesas juntam-se as de capital, das quais a aquisição de bens de capital e transferências de capital, sendo que nesta dimensão a Câmara que lidera é a da Covilhã, com mais de 5,8 milhões de euros em 2016. A autarquia do Sabugal, com quase 5 milhões de euros, surge a seguir, à frente da Guarda (mais de 4,4 milhões) e do Fundão (3,3 milhões). Ainda assim, somando os totais de despesas correntes e de capital, o município que comanda o topo da tabela é a Guarda, que regista mais de 26,4 milhões de euros em despesas.
A autarquia da Covilhã surge em segundo (21,1 milhões), seguida do Fundão (18,6 milhões) e Seia (17,9 milhões). No lado oposto da tabela, com despesas abaixo do patamar dos cinco milhões de euros, estão os municípios de Manteigas (4,7 milhões) e Fornos de Algodres (4,3). Quanto às receitas correntes, decorrentes de impostos como o IUC, IMT, IMI, IRS, derrama, fundos municipais e venda de bens e serviços, a autarquia guardense foi a que mais faturou em 2016, registando uma receita total de 28,9 milhões de euros. As Câmaras da Covilhã (24,3 milhões) e do Fundão (21,2 milhões) são as seguintes, enquanto os municípios de Belmonte, Fornos de Algodres e Manteigas foram os que arrecadaram menos receitas no ano em apreço, com 5,4 milhões de euros, 5,3 e 4,5, respetivamente.
No que respeita às receitas de capital, rubrica que inclui vendas de bens de investimento e transferências de capital (fundos municipais, participação comunitária em projetos cofinanciados e outras), a Câmara do Fundão foi a que mais encaixou (2,7 milhões de euros), seguida da Guarda (2,5), Sabugal (2), Almeida (1,6) e Covilhã (1,6). Em quase todos os municípios da região o total de receitas em 2016 foi superior às despesas, excetuando os casos do Sabugal, Pinhel e Belmonte.
Autarquia do Fundão é a mais endividada
Das 15 Câmaras que integram a Comunidade Intemunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), a do Fundão é aquela que tem a dívida mais elevada: mais de 66,1 milhões de euros.
Desse valor, a maior fatia (61,6 milhões) corresponde a dívida bancária e apenas 4,4 milhões são de dívida comercial (a fornecedores e outras dívidas a terceiros não financeiras). Outras autarquias mais endividadas em 2016 eram a Covilhã, com 54,6 milhões de euros, e Seia (46,8). O quarto lugar da lista de endividamento regional é ocupado pelo município de Fornos de Algodres (28,2 milhões), surgindo depois a da Guarda, com pouco mais de 26,1 milhões de euros. No fundo tabela – logo, os menos endividados – estão as edilidades de Gouveia (4,6 milhões), Figueira de Castelo Rodrigo (3,8) e Almeida (3,2). Em linhas gerais, a dívida bancária é muito superior à comercial em todos os municípios da região, com exceção de Belmonte, Celorico da Beira e Covilhã. No caso da Guarda, a dívida comercial é de cerca de 1,9 milhões de euros (387 mil euros a fornecedores, 242 mil a outros devedores e credores e mais de 1,2 milhões noutras dívidas a terceiros não financeiras), que é largamente superada pela bancária – cerca de 24,2 milhões de euros. Um dado curioso é que os três municípios com maior dívida a fornecedores em 2016 eram, por esta ordem, Celorico da Beira (3,8 milhões), Belmonte (3 milhões) e Covilhã (2,2). A Câmara de Pinhel foi a única que, em relação a 2015, viu subir a sua dívida – passou de 6,1 para 6,4 milhões de euros.
Sara Guterres