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Oomph! Inesquecível Ann Sheridan

Opinião – Ovo de Colombo

A Warner Bros, o estúdio dos tipos durões e dos filmes de gangsters, ansiava, naqueles longínquos anos 30, por uma “glamour girl”. A solução (perfeita, por sinal) foi uma maria-rapaz oriunda de uma cidade pequena do Texas, amante de futebol e das corridas de cavalo, com o intuito de vir a ser professora de Artes. Chamava-se Ann Sheridan e tinha um magnetismo enorme.

Com o seu olhar ensonado e corpo voluptuoso, que obedecia aos gostos estéticos da época, Sheridan tornou-se rapidamente um “sex symbol” de primeira grandeza. Foi apelidada pelo departamento de publicidade da WB de “Oomph Girl”, designação que se descreveu como «uma certa coisa indefinível que comanda o interesse masculino». Por outras palavras… “sex appeal”. No entanto, no entender de Sheridan, que odiava a alcunha objetificante, “Oomph” não era mais que «aquilo que um homem gordo diz quando se inclina para amarrar o cadarço numa cabine telefónica». Com ou sem “oomph”, o certo é que Sheridan, frequente acompanhante cinematográfica de Bogart, um grande amigo seu, e de Cagney, é um “sex symbol” de caráter mais proletário que glamoroso como o das suas contemporâneas Lana Turner ou Rita Hayworth.

Apesar disso, devo dizer que que Sheridan e Hayworth eram, e são, por vezes, confundidas. No Facebook, já assisti a gente a postar fotos da Sheridan e a identificarem-na como “Rita”. O erro é perdoável. Hayworth é mais bonita, mas as expressões faciais de ambas têm semelhanças, além de serem ruivas (natural, no caso de Sheridan). Interessante notar que Hayworth acabou por substituir Sheridan no simpático “The Strawberry Blonde”.

Sei que soa a “cliché”, mas Sheridan detestava ser encarada como um mero “sex symbol” e lutou, como as rebeldes colegas Bette Davis e Olivia de Havilland, por melhores papéis. Conseguiu acabar por provar grande versatilidade como atriz nos filmes “noirs” “Nora Prentiss”, “The Unfaithful” e na comédia “I Was a Male War Bride”. De qualquer modo, o meu desempenho favorito da atriz foi na fabulosa comédia “The Man Who Came to Dinner”, um dos seus primeiros grandes filmes onde encarna a mulher sexy, mas com um humor que só pode significar talento.

Hoje, Sheridan é grandemente esquecida, pois o seu reinado de fama foi curto. Nos anos 50 começou a deixar de ser um nome que enchesse plateias. A atriz, que deu vida como ninguém à “durona” de coração de ouro, entrou em diversos filmes de qualidade, deu-lhes encanto e conferiu sempre uma qualidade calorosa, aconchegante, às suas personagens. Por isso, revalorizemos o seu legado.

Sem manias de estrela e cooperativa, Sheridan era um doce para quem trabalhava com ela. Infelizmente faleceu aos 51 anos, vítima de cancro do esófago e do fígado. Um triste final para alguém que deu tanto ao cinema e aos que a conheciam. Fica o legado e, para o bem ou para o mal, o “oomph” (esse não desaparecerá, pois Annie tinha-o… e não era pouco).

Miguel Moreira

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