Seguir «o caminho do progresso e do desenvolvimento» é uma das tarefas a que o presidente da Câmara da Covilhã se propõe no próximos anos. Reeleito com maioria absoluta, com cinco vereadores em sete, Vítor Pereira foi empossado na passada sexta-feira, dia em que a Covilhã celebrou os 147 anos de elevação a cidade.
Embora em maioria no executivo, o autarca quer «promover o diálogo e a discussão serena e produtiva sobre as questões importantes para o futuro da nossa terra». Para Vítor Pereira, a confiança depositada pelos covilhanenses «mostrou inequivocamente apoio a uma forma de estar na política que se contrapõe ao autoritarismo, à busca permanente de conflitos e ao menosprezo dos adversários». Depois de um mandato marcado pela gestão da dívida, e tendo em conta as «atuais referências macrofinanceiras e a estabilidade orçamental, é previsível um melhoramento da situação financeira do município a partir do último trimestre de 2018», anunciou. Vítor Pereira explicou que «vários compromissos» da autarquia terminam nessa altura e garantiu que serão procuradas «soluções de gestão financeira» para «melhorar a caracterização da dívida e os seus encargos».
«O rigor na gestão será para manter» de forma a evitar «um descontrolo financeiro da Câmara», assegurou, mas o edil está já de olhos postos no próximo ano, referindo algumas obras que deverão avançar em 2018. A requalificação do Teatro Municipal, há muito falada, poderá ser uma realidade já no próximo ano, sendo que a requalificação do histórico edifício vai ser adjudicada na primeira reunião do executivo. O objectivo é que naquele espaço nasça o Centro de Inovação Cultural, «que contamos esteja concluído em 2019». No discurso, Vítor Pereira voltou a lembrar o Centro de Inovação Empresarial e o Centro de Inovação Social, bem como o programa de reabilitação das fachadas na zona histórica que tenciona lançar em breve.
Quanto a exigências, o autarca tem algumas a fazer ao Governo. Lembrando os incêndios, pediu apoio para a recuperação de estruturas de uso coletivo, como estradas e caminhos públicos, espaços de convívio e áreas de lazer, bem como estruturas de apoio a bombeiros que ficaram danificados ou totalmente destruídos. Sobre o novo executivo, o autarca adiantou que todos os vereadores eleitos pelo PS (José Serra do Reis, Regina Gouveia, José Miguel Oliveira e Jorge Gomes) estarão a tempo inteiro. Foram também eleitos para a Câmara Adolfo Mesquita Nunes (CDS-PP) e Carlos Pinto (movimento independente “De novo Covilhã”). O antigo autarca esteve ausente da cerimónia e não tomou posse, tendo 30 dias para assumir o lugar.
Na Assembleia Municipal a presidência foi entregue, sem surpresas, a João Casteleiro. A assumir pela primeira vez um cargo político, o presidente do conselho de administração do Centro Hospital da Cova da Beira espera que a Assembleia Municipal seja «sempre um órgão de defesa dos cidadãos e do município em si».
«Só por espírito de auto-masoquismo» estaria presente
Num comunicado enviado às redacções, Carlos Pinto esclareceu a ausência da tomada de posse, referindo que «só por espírito de auto-masoquismo contemplativo, que não pratico», estaria presente.
A motivar esta decisão está a acusação do Ministério Público contra Vítor Pereira. «Não há memória de um presidente da Câmara se sujeitar a tomar posse, estando pendente um pedido de perda de mandato – por estar indiciado por crimes praticados na vigência do mandato anterior – fazendo tábua-rasa da gravidade do que se pode ler no despacho de acusação», refere o ex-autarca. dizendo que a cerimónia foi «um espetáculo deplorável», Carlos Pinto acrescenta que o Dia da Cidade merecia mais» e avisa que «ninguém se surpreenda com o desfecho e não diga que não sabia desta pouca vergonha». Embora tenha afirmado várias vezes que não ocuparia o lugar de vereador, no comunicado Carlos Pinto adianta que «face a estes novos e graves pressupostos, que não me podem deixar indiferente», estará «dentro de dias» nas funções para as quais foi eleito.
Ana Eugénia Inácio