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Gravura rupestre do “Homem de Piscos” vandalizada

Ato de vandalismo já foi participado ao Ministério Público pela Fundação Côa Parque, que deverá ser presidida pelo fozcoense Bruno Navarro

A Fundação Côa Parque participou ao Ministério Público o «inqualificável» atentado contra a rocha onde está representada uma figura humana com mais de 10 mil anos, o célebre “Homem de Piscos”.

O caso foi divulgado na sexta-feira. «Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra “BIK” diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do setor esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso “Homem de Piscos”, a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa», revelou o diretor do Parque Arqueológico da Vale do Côa. Segundo o arqueólogo António Martinho Baptista, trata-se de um conjunto de gravuras que sobreviveram intactas mais de 10 mil anos e que agora foram «miseravelmente mutiladas pela ignorância de alguém que possa ser rapidamente identificado e exemplarmente punido». Para o responsável, «este atentado mancha a região», classificada como Património Mundial desde 1998, mas já haverá suspeitos do ato contra o património rupestre.

Em nota enviada a O INTERIOR, os trabalhadores da Fundação Côa Parque afirmam que, durante a vigência do anterior Governo, o sítio arqueológico em causa deixou de ter qualquer tipo de vigilância. «O ato terá ocorrido entre domingo, quando a rocha foi observada incólume pela última vez, e quinta-feira, quando o seu resultado foi detetado», referiu a comissão de trabalhadores, que recordam já ter alertado o Ministério da Cultura para o perigo desta situação. «Esta falta de vigilância nunca foi claramente denunciada publicamente por receio que a publicitação da ausência de vigilância nos sítios, pudesse ela própria potenciar a ocorrência destes atos», referem os trabalhadores.

Bruno Navarro vai presidir Fundação Côa Parque

A Fundação Côa Parque deverá ser presidida pelo historiador Bruno Navarro, segunda noticiou o jornal “Público” da passada sexta-feira. A nomeação do deputado municipal de Vila Nova de Foz Côa e do novo conselho de administração da instituição que gere o Museu e o Parque Arqueológico do Côa deve estar para breve.

O decreto-lei que altera os estatutos da Côa Parque, aprovado este mês em Conselho de Ministros, está em apreciação pela Presidência da República. Bruno Navarro é professor e investigador especializado em História Contemporânea. Doutorou-se recentemente pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa com uma tese sobre o contributo da engenharia portuguesa para a projeção do império colonial nas primeiras décadas do século XX.

Luis Martins Trabalhadores do parque arqueológico já tinham alertado tutela para os riscos da falta de vigilância dos sítios

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