Os municípios prejudicados pelo cancelamento da barragem de Girabolhos, no rio Mondego, vão receber cerca de seis milhões de euros no âmbito de um acordo assinado na passada quinta-feira, em Lisboa, com a Hidromondego.
A empresa que iria construir a hidroelétrica apoiará diversos investimentos a concretizar nos concelhos de Gouveia, Mangualde, Nelas e Seia, recebendo cada autarquia cerca de 1,5 milhões de euros. Segundo o presidente da Câmara de Mangualde e porta-voz dos quatro municípios, «o acordo não está fechado» e o valor atribuído a cada autarquia pode ser maior. «Espero que sejam mais umas centenas de milhares de euros para cada concelho», disse João Azevedo, adiantando que cada autarquia já decidiu o que fazer com a verba atribuída. Em Seia, por exemplo, será privilegiada a melhoria da rede rodoviária na zona de Girabolhos e a beneficiação da rede de abastecimento de água. Em declarações a O INTERIOR, Carlos Filipe Camelo reconheceu que esta verba não satisfaz o município senense: «Foram criadas expetativas de criação de emprego e de crescimento económico com a construção da barragem, mas também quanto ao seu aproveitamento em termos de lazer e turismo, pelo que esta compensação é uma gota de água», afirmou o edil.
Os protocolos foram assinados no Ministério do Ambiente, em Lisboa, na presença do ministro João Matos Fernandes e dos secretários de Estado do Ambiente e da Energia. Entretanto, o Governo anunciou que vai abrir candidaturas a fundos comunitários no âmbito de abastecimento de água e da recolha e tratamento de efluentes para os municípios de Gouveia, Mangualde, Nelas e Seia, com um montante máximo de 6 milhões de euros. «Esta decisão resulta do reconhecimento de que há uma quebra de expectativas grande com a não construção da barragem local e, em paralelo, que há um conjunto de problemas ambientais que têm que ser resolvidos», disse João Matos Fernandes. A construção da barragem de Girabolhos foi cancelada em abril tendo em conta «critérios jurídicos e financeiros, expectativas dos municípios abrangidos, metas das energias renováveis e descarbonização da economia portuguesa», justificou na altura o Governo.
Luis Martins