De acordo com o Público, aproximadamente uma em cada 14 famílias portuguesas salta refeições por não ter comida suficiente. Os dados, que resultam de um sistema de avaliação e monitorização da situação de segurança alimentar criado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), fazem parte do relatório “Portugal – Alimentação Saudável em Números 2015”, que é apresentado hoje em Lisboa.
A DGS começou a monitorizar este indicador em 2011, a pensar nas possíveis consequências da crise económica no acesso a uma alimentação saudável, através de um inquérito juntos dos cidadãos que usam o Serviço Nacional de Saúde (SNS), o Infofamília. Os resultados indicam que a maior parte da insegurança alimentar é de nível ligeiro (29,7 por cento) e moderado (9,5 por cento). No entanto, a que é classificada como grave e que pode configurar casos de fome, é declarada por 6,6 por cento dos inquiridos.
Os resultados obtidos ao longo dos anos já permitem retirar algumas conclusões, apesar de a amostra de inquiridos no Infofamília poder ter um viéis elevado, porque os utentes do SNS não representam a população portuguesa. Há mais pessoas em insegurança alimentar grave nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e no Algarve e a maior insegurança alimentar surge muitas vezes associada a excesso de peso.
Quanto às consequências da crise, percebe-se que nos graus de insegurança alimentar grave observa-se uma estabilização, nos ligeiros verifica-se um aumento, o que pode indicar que as pessoas na primeira situação já se habituaram a recorrer a formas de apoio (como bancos alimentares e cantinas sociais), ao contrário do que acontece com as segundas, muitas vezes pessoas que ficaram desempregadas.
Em relação à mortalidade, o relatório revela que, se a obesidade «e outras formas de hiperalimentação» foram responsáveis pela morte de 210 pessoas em 2013, nesse ano registaram-se 71 óbitos por «desnutrição e outras deficiências nutricionais».