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Heliosfera

Mitocôndrias e Quasares

Atualmente as naves sulcam o espaço, mas os homens já não as tripulam. No seu lugar há sondas automáticas com inteligências para procurar, examinar e descobrir mundos novos e para responder à questão de haver vida fora da Terra. Cada uma destas explorações traz novos dados sobre o nosso Sistema Solar e os planetas e as luas que o compõem. Enquanto algumas destas novidades confirmam certas teorias, outras obrigam a rever tudo o que é conhecido e colocam hipóteses de trabalho algo inquietantes.

Uma das missões mais interessantes é a Solar Probe Plus. Durante anos, os cientistas pensaram enviar uma missão para aumentar o conhecimento do Sol. Foi precisamente desta vontade que foi projetada a sonda Solar Probe pelos engenheiros da Universidade John Hopkins. Trata-se de um projeto de engenharia que tem como principais desafios conseguir a proteção térmica adequada às condições que a sonda deverá suportar. Ficará praticamente imersa na coroa solar, cujo comportamento ainda não é profundamente conhecido. Esta sonda vai partir em 2018, mas só chegará ao seu destino em 2024.

Os dados conhecidos permitem aos cientistas concluir que o Sol tem uma massa 300 mil vezes maior que a Terra. O seu diâmetro equatorial é de 1.400.000 km, isto é, umas cem vezes o comprimento do diâmetro terrestre. Possui camadas diferentes, denominadas núcleo, zona de convecção, fotosfera, cromosfera e coroa solar. Situado no Braço de Órion da Via Láctea, o Sol está a cerca de 150 milhões de quilómetros da Terra, pelo que a luz que emite demora 8 minutos a chegar. Ou seja, se o Sol se apagasse de repente, demoraríamos 8 muitos a apercebermo-nos disso.

Mas se esta é uma sonda que procura fazer um zoom in sobre o Sol para o conhecermos melhor, não deixa de ser importante fazer um zoom out para estudar o alcance e influência do Sol e assim determinar a fronteira do Sistema Solar.

Na sua atividade termonuclear, o Sol emite constantemente plasma (isto é, gás constituído por partículas carregadas) de muito baixa densidade, expandindo o seu campo magnético. Tal fenómeno chama-se “vento solar”, sendo responsável pelas perturbações geomagnéticas que podem afetar, por exemplo, os sistemas elétricos das cidades. A zona de influência do vento solar, em forma de bolha, chama-se heliosfera. Os seus limites vão para lá dos planetas externos e da Cintura de Kuiper. A camada que rodeia a heliosfera denomina-se heliopausa, onde deixa de haver forte influência solar e colide com radiações externas.

Na década de 1970 foram enviadas para o espaço duas sondas espaciais chamadas Voyager I e II. A sua missão era originalmente reunir dados dos planetas mais distantes do Sistema Solar. Cumprido este objetivo, as sondas seguiram viagem afastando-se cada vez mais do Sol, enquanto enviavam dados para a Terra das zonas mais desconhecidas da heliosfera, avançando umas três unidades astronómicas (o que equivale a cerca de 450 milhões de quilómetros) por ano. Nos últimos anos, as sondas atravessaram a heliopausa e detetaram a existência de uma nuvem interestelar precisamente fora da heliosfera, produto da explosão de um enxame de supernovas.

Esperemos, então, por 2024 para receber as primeiras imagens vindas da Solar Probe, sonda que estará mais próxima do Sol nas próximas décadas.

Por: António Costa

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