Mais um ano que se inicia e como é habitual nesta altura formulam-se desejos para o ano que agora começou. Entre os mais óbvios e naturais, estão os desejos de saúde, paz e amor; no entanto este também deveria ser o ano da “ humanização dos mais Velhos”.
Estes, pelas mais variadas circunstâncias, ou vivem sós, ou longe dos seus familiares, ou então vivem em lares e centros de dia.
Os nossos velhos de hoje (sim velho é uma palavra mais bonita e mais genuína que idoso), aqueles que atravessaram tempos muito difíceis, a II Guerra mundial (onde apesar de Portugal não entrar diretamente na Guerra, esta fazia sentir-se na vida das pessoas, com o racionamento dos bens essenciais), o tempo da Ditadura e da privação do nosso bem mais essencial – A LIBERDADE. Participaram (muitos deles de forma activa) na revolução de Abril de 1974 que nos trouxe a DEMOCRACIA.
Criaram os filhos e tentaram dar-lhes um futuro melhor e sobretudo com mais oportunidades, através da educação longe da terra natal. Apareceram os Drs., os Engºs, os filhos de gente humilde, o que até então não era possível ou era quase uma utopia!
Mas os nossos velhos de hoje, atravessam actualmente tempos ainda mais difíceis, não imputáveis a questões de ordem política ou militar, não imputáveis a razões económicas ou democráticas, mas imputável à Solidão e à falta do bem mais escasso deste novo mundo – a humanização.
TODOS lhe devemos muito a esta geração, e é da mais elementar justiça e solidariedade apostarmos e canalizarmos recursos para o apoio aos mais velhos; quer nos lares, ou nos centros de dia, quer nas unidades de cuidados continuados, quer nas suas casas.
A SOLIDARIEDADE geracional é isto! Ajudarmos a geração que nos ajudou e muito deu ao País e a cada um de nós!
Caminhamos perigosamente para um tempo, onde se dá mais atenção a um animal (que tem direito a ter uma vida digna e ser bem tratado) que a um VELHO! Isto infelizmente é muitas vezes, a realidade que presenciamos no dia-a-dia.
Exemplo disso, são os Hospitais, que em épocas como o Natal, fim de Ano e férias, são infelizmente “Depósitos” onde muitas pessoas (se é que a quem faz isso se pode chamar Pessoa, a quem faz isto a um Pai ou a uma Mãe) deixam os velhos para que estes não sejam um fardo! A mim ensinaram-me a dar sempre um lugar a uma pessoa mais velha, hoje esses Valores parecem ter sido esquecidos! Vê-se tanta falta de respeito da parte dos mais Jovens que por vezes me questiono que valores incutiram nesta gente!
Os mais velhos, são portadores de saberes que cada vez menos aproveitamos, e as histórias que os nossos avós nos contavam, eram lições de vida que hoje, infelizmente, parece que poucos valorizam.
Bom Ano de 2016
Por: Rodolfo Queirós, enólogo
