Descriminação positiva, como acontece na Madeira e nos Açores, é uma das revindicações de Edgar Silva, candidato à Presidência da República, apoiado pelo PCP.
Os custos da insularidade são assumidos pelo Estado português «de acordo com a Constituição» e este seria para o madeirense o primeiro passo para a «aplicação de medidas concretas de apoio complementar a quem vive na interioridade», pois os habitantes desta região «têm de reclamar ao Estado medidas de efetiva solidariedade». De passagem pela Guarda no sábado, Edgar Silva lembrou que os apoios não têm de ser exatamente iguais aos das ilhas, uma vez que os contextos são diferentes, mas existem aqui «desvantagens que decorrem da interioridade». As portagens continuam a ser um dos pontos de maior contestação e o candidato presidencial considera que são «um obstáculo» não apenas à mobilidade, mas também à economia, considerando que o Estado «não pode criar mais obstáculos, mais constrangimentos a quem está no interior, que não pode ser tratado como se fosse de segunda ou terceira categoria».
O fim das «desigualdades territoriais e sociais» é uma das bandeiras de Edgar Silva, que vê no interior «um abismo» que é necessário contrariar com «outra lógica nas opções de desenvolvimento». Para que este objetivo seja conseguido é necessário que o país se volte para a regionalização, e novamente comparou a situação às ilhas, «onde existe um poder regional e que luta». E, segundo o candidato, é isto que falta ao interior, que precisa de «poder reivindicativo que possa fazer exigências» ao poder central. De resto, o madeirense lembra que as regiões administrativas estão previstas na Constituição, só falta implementá-las. Tema que o candidato admite que deveria ser retomado, pois é ao Estado que compete a coesão territorial e que «deveria atenuar as desigualdades».
O candidato criticou a atuação dos últimos governos, mas também de Cavaco Silva, que, como Presidente da República, «deveria ser um provedor do povo, a quem se pudesse exigir uma intervenção a favor do povo». Ora, para Edgar Silva, não é isso que tem acontecido, pois o chefe de Estado «tem decidido contra o povo». Questionado se a sua candidatura vai até ao fim, o candidato garantiu que será «para ir até ao fim e será o povo português a decidir». No entanto, «se outros quiserem desistir em nosso favor agradecemos», sublinhou, prometendo «honrar a Constituição» e tudo fazer para «reconquistar os direitos dos portugueses», pondo fim «às desigualdades».
Ana Eugénia Inácio