A República centenária passou por períodos muito conturbados. A sua consolidação fez-se por seis fases:
A 1ª tem lugar a partir de 6 de outubro de 1910, protagonizada por Joaquim Teófilo Braga, do Partido Republicano, e vai até 24 de agosto de 1911, altura que é criado o cargo, após a aprovação da Constituição de 1911, iniciando-se a partir daí a chamada Iª República, com alternância entre o Partido Republicano e Partido Democrático, com protagonistas como Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Bernardino Machado e Sidónio Pais, tendo a sua conclusão efetiva em dezembro de 1918, pese embora entre dezembro de 1917 e dezembro de 1918, o chamado Sidonismo impôs-se, assumindo o presidencialismo por inteiro num autêntico desprezo pelo Parlamento.
Com o assassinato de Sidónio, inicia-se a 3ª fase denominada a Nova República Velha que é, nem mais nem menos, que a restauração da República Velha com Canto e Castro, António José de Almeida, Manuel Teixeira Gomes e Bernardino Machado, este último vê o seu mandato interrompido pelo golpe militar de maio de 1926.
Em 31 de maio desse ano, Mendes Cabeçadas inicia o período da ditadura militar a que se seguem Gomes da Costa, Óscar Carmona e Oliveira Salazar, este último como substituto após a morte de Óscar Fragoso Carmona, período entre 18 de abril e 21 de julho de 1951, dando lugar a mais dois: Craveiro Lopes e Américo Tomáz.
O período seguinte tem dois presidentes nomeados e designa-se por Junta de Salvação Nacional. Acontece logo após a revolução do 25 de abril de 1974: António de Spínola e Costa Gomes, iniciando-se, logo de imediato, a IIIª República, com a eleição de Ramalho Eanes, em julho de 1976, seguindo-se Mário Soares em 1986, Jorge Sampaio em 1996 e Cavaco Silva em 2006.
De notar que o cargo de Presidente da República foi abolido após o golpe que derrubou Bernardino Machado em 1917 levando Sidónio, líder da Junta Revolucionária, à Presidência e logo após o seu assassinato o poder foi exercido pelo Conselho de Ministros, tendo Canto e Castro assumido a presidência sem que Bernardino Machado tivesse renunciado ao lugar, o que só veio a acontecer em fevereiro de 1919. Canto e Castro passa à História com a alcunha de “o usurpador”.
Dos vinte nomes desta lista dois são substitutos. Teófilo Braga entre 29 de maio e 5 de outubro de 1915 e, como foi já referido, Oliveira Salazar, de abril a julho de 1951.
E assim chegámos aos nossos dias, nesta aventura centenária onde nunca nenhuma mulher conseguiu a eleição e o atual, felizmente e finalmente, está de saída. Este, ideologicamente conservador, nunca foi capaz de despir a camisola partidária, onde o défice cultural e constitucional foi permanentemente notado, espelhado em inúmeros episódios, todos, mas mesmo todos, pela negativa, metido em polémicas que raiam o ridículo, invadindo, tantas vezes, territórios que não são da sua competência, esquecendo deliberadamente situações e protagonistas, numa representação medíocre aquém, além-mar e além-fronteiras.
O ainda… ainda não percebeu que o mundo pula e avança, e este compasso de espera serviu apenas para levar à cena aquela que poderá ser a sua última demonstração de incompetência e rançosíssimo, desprestigiando (como sempre fez) a instituição Presidência da República. A História (tal qual Fidel) se encargará de o absolver ou condenar.
Eu sei que ouviu quase todos para tomar a única decisão política possível. Faltou escutar, a Associação dos animais de companhia, a Associação dos amigos da sueca, a Associação dos bigodes e focinhos, a Associação dos agentes Funerários e Tanatopraxia, a Associação dos lares de idosos, etc. etc. etc., percebendo-se que na sua mais recente tirada, de profundidade intelectual sem limites, ficámos a saber que “o dourado não é o macho da dourada” e que os madeirenses “têm uma banana maior e mais saborosa”.
Bendita Pátria que tal presidente (ainda) tem.
Por: Albino Bárbara