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Beira Interior, região de vinhos com identidade

Participantes na primeira feira dedicada ao vinho e aos produtos tradicionais, realizada em Pinhel, consideram que esta região vitícola é «injustamente subvalorizada»

Apostar nos vinhos com identidade, na internacionalização, bem como na promoção e valorização dos néctares da Beira Interior são algumas das recomendações saídas do seminário realizado no sábado, em Pinhel, no âmbito da feira “Beira Interior – Vinhos e Sabores. O certame decorreu no fim-de-semana com o objetivo de divulgar os produtos tradicionais e os vinhos da região, tendo contado com a participação de 42 produtores.

«Situada entre regiões vitivinícolas famosas, como são o Douro, o Dão e o Alentejo, a Beira Interior também tem que ser famosa porque os seus vinhos são muito bons, o que lhes falta é um pouco mais de notoriedade junto dos consumidores», sintetizou Malfeito Ferreira. Por isso, o consultor e professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia defendeu a aposta nos vinhos «com identidade», uma característica que disse abundar na Beira Interior, cujos vinhos descreveu como «não sendo fáceis, mas surpreendentes quando acompanhados da boa gastronomia da região». O seminário, que contou com a participação de produtores, enólogos e especialistas, concluiu que a Beira Interior é uma região vitícola «injustamente subvalorizada», tendo sido apontada a necessidade dos produtores se virarem para a internacionalização e de adotarem estratégias de marketing sob uma única «marca identitária». Nesse sentido, a enóloga Patrícia Santos disse que «a região tem tudo para dar certo. O produto está feito, o vinho é muito bom, cabe-nos, a todos, promover a Beira Interior e sem parar».

A mesma opinião é partilhada por José Almeida Garrett, produtor e dirigente da Comissão Vitivinícola Regional (CVRBI), para quem a região tem «características únicas», mas «é, talvez, a menos conhecida» em Portugal, daí a necessidade da promoção dos seus vinhos. Organizada pela Câmara de Pinhel e pela CVRBI, a primeira edição desta feira juntou os melhores produtores de vinho da região, mas também cerca de 20 expositores de enchidos, queijos, azeite, mel e doçaria tradicional, entre outras iguarias. Na sessão de abertura do certame, realizado no pavilhão multiusos da “cidade falcão”, o presidente do município sublinhou que o objetivo era «mostrar a região, mas também como local de culto do vinho», que é «um dos pilares da economia do nosso concelho e uma atividade que importa desenvolver cada vez mais». Rui Ventura acrescentou que este setor representa atualmente cerca de 40 por cento das exportações do concelho, mas considerou que «este potencial só é maximizado se nos promovermos em conjunto».

A CVRBI é formada pelas sub-regiões vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, onde existem cinco adegas e 46 produtores particulares com mais de 16 mil hectares de vinha. Segundo dados oficiais, esta região produz anualmente cerca de 24 milhões de litros de vinhos. A feira “Beira Interior – Vinhos e Sabores” incluiu degustações e provas comentadas de vinho, azeite e mel, animação musical, uma mostra gastronómica regional e sessões de “showcooking”. Na ocasião foram também entronizados novos membros da Confraria dos Enófilos da Beira Interior, entre eles o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito; a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa; a diretora Regional da Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Centro, Adelina Martins; o presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), Constantino Rei; e o presidente do município de Pinhel, Rui Ventura.

Luis Martins Certame “Beira Interior - Vinhos e Sabores” incluiu degustações e provas durante dois dias

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