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Milhares para ver Latada na Covilhã

Ubianos encheram ruas da Covilhã de cor por ocasião de mais uma Latada, cujo curso vencedor foi Ciências Biomédicas

As primeiras memórias da Latada remontam a 17 de janeiro de 1985, data do primeiro cortejo. Desde então é um acontecimento enraizado nos estudantes desde o primeiro ano, mas também nos covilhanenses. Este ano, no passado dia 21 fecharam-se as ruas do percurso, a população saiu à rua e os caloiros mostraram os seus dotes criativos.

Às 16 horas o Pelourinho já estava cheio de gente que esperava a chegada dos primeiros cursos. Maria Raposo aguardava «ansiosa» a neta, caloira de Biotecnologia, que desfila pela primeira vez. Não era a primeira vez que via a Latada, mas esta era «especial» e tinha alguma «curiosidade para ver o carro». Também António Carvalho não quis perder o tradicional desfile dos estudantes: «É formidável, um evento característico da cidade», garantiu. O cortejo está organizado por cursos, com carros alegóricos construídos pelos próprios caloiros onde satirizam a situação atual do país ou da instituição. Vestindo as cores dos cursos e acompanhados dos superiores com as capas negras, este ano os ubianos criticaram o corte nas bolsas de investigação, o desemprego, a emigração e a falta de oportunidades no país.

O desfile faz-se entre o polo principal da universidade e a Praça do Município, onde o palco está montado para um número final. Antes disso, durante o percurso, vários elementos do júri analisam o carro, a organização do curso, o uso correto do traje e os cânticos. Este ano quem somou mais pontos foi Ciências Biomédicas, que se sagrou campeão da Latada 2015. Andreia Santos, caloira do curso vencedor, esteve presente na praxe desde o primeiro dia de aulas. «Ao início torna-se complicada e dá até vontade de desistir, mas à medida que vai passando, dá-nos oportunidade de conhecermos melhor os amigos que vamos criar na faculdade e, como se costuma dizer, o que a praxe une ninguém separa, pois passamos pelo melhor e pelo pior juntos», declara. Esta vitória na Latada foi, por isso, «muito gratificante porque trabalhámos muito para este dia», sublinha a estudante.

Ingrediente que não pode faltar é o álcool. Dizem que ajuda a desinibir os caloiros e a viver as emoções à flor da pele. «Este é o momento mais feliz e mais triste da minha», confessava Sara Silva, que não conseguia parar de chorar. A caloira de Ciências da Comunicação faz um balanço positivo da praxe, dizendo que «voltava a repetir tudo porque adorei e valeu a pena». Também Beatriz Passos não escondeu a mesma alegria. A caloria de Medicina admitiu que a praxe e a Latada «são a melhor coisa de sempre e tenho pena que acabe hoje». A jovem foi eleita miss Medicina, participou em todas as atividades da praxe e admite que gostava que «fosse assim o ano todo». Já Pedro Belo, caloiro de Ciências da Comunicação, declarou que nem sempre gostou, pois «não gostava que mandassem em mim», mas já no final da latada dizia-se rendido à prática.

A Latada envolve não só os estudantes e a população, como também os pais que viajam até à Covilhã para ver o cortejo. Sónia Antunes, da Guarda, foi ver a filha que entrou este ano em Engenharia Aeronáutica. «A praxe é uma das maneiras de eles se integrarem. É uma forma de ajudar a superar os próximos anos», acredita. Quanto à Latada, «é a primeira vez que assisto e estou a adorar». De Penafiel chegou Isabel Fonseca, para quem o cortejo também é novidade. «Gosto, mas é muito álcool e muita garrafa», estranha, dizendo não ser «muito adepta» da praxe, «mas o importante é que ele [filho] gostou». Já o filho de Maria Bravo não era um estreante nestas lides, mas foi a primeira vez que a mãe esteve na Covilhã para conhecer a tradição, que classificou de «muita confusão, mas muito bonita, acho que o tempo que investem vale pena».

Por sua vez, o filho João, finalista de Ciências da Comunicação e Chefe de Latada do curso, admitiu que este é «um momento muito feliz por percebermos que os caloiros gostaram da praxe e se divertiram», mas é também «um alívio, porque correu tudo bem e objetivo foi cumprido, a integração». Concluídos os estudos, voltar para assistir à Latada é uma possibilidade porque «é dos melhores cortejos que já vi». Quem regressou este ano foram Luís Felício, de Almada, e Luís Santos, da Guarda. Ambos deixaram a UBI há um ano e não quiseram perder um evento que lhes «deixa saudades» e que é «ainda melhor quando se volta com os amigos».

Ana Eugénia Inácio Ciências Biomédicas venceu a Latada com a crítica aos cortes nas bolsas de investigação

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