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Explicar melhor

1. O PS não quer que se fale mais da governação de Sócrates. Compreendo. Toda a gente compreende. Dizem-nos que os socialistas já foram julgados há quatro anos, e agora, presumo, recuperaram a virgindade política. Até aceitava este argumento se António Costa tivesse assumido e criticado, sem margem para dúvidas, os erros do “modelo socrático”. Mas não foi isso que aconteceu. Pelo contrário. Costa sempre defendeu as políticas seguidas na “era socrática” e criticou Seguro (convém ter memória) por não fazer o mesmo.

Como se não bastasse, o atual programa de António Costa é um remake de um filme que já conhecemos. Fizeram, é verdade, alguns retoques no guião – não aparecem agora, por exemplo, as obras faraónicas com que Sócrates delirava. De qualquer maneira, a ideia de estimular o consumo, devolvendo rendimento aos portugueses com os cortes na TSU (uma medida perigosa, que põe em risco a segurança social, que já está numa situação aflitiva), é a continuação por outros meios da receita socrática, que deu no que deu.

2. António Costa anda desesperado e para salvar o próprio pelo vale tudo – ninguém no PS lhe perdoará uma derrota, sobretudo depois ter corrido à bruta com Seguro. Na semana passada, avisou que não aprovará qualquer orçamento se a coligação ganhar as eleições com minoria. Costa não hesita em levar o país ao fundo, caso os portugueses, por inacreditável cegueira e ingratidão (é assim que ele vê as coisas na sua cabecinha), não lhe deem a maioria.

Entretanto, Costa veio esclarecer o alcance da sua ameaça. Aliás, cada vez que abre a boca Costa sente a necessidade de explicar melhor no dia seguinte o verdadeiro significado das suas palavras. O que ele, afinal, quis dizer é que a hipótese de votar contra qualquer orçamento da coligação não se coloca porque o PS vai ganhar as eleições. Os portugueses podem agora ficar descansados, Ou seja, para já, está afastada a possibilidade de Costa votar contra um orçamento de um governo socialista. Esclarecidos? Não se preocupem. Costa há de com certeza voltar a explicar melhor.

Por: José Carlos Alexandre

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