As Câmaras da Guarda e de Pinhel estão disponíveis para acolher e divulgar o espólio de Manuel Madeira Grilo. O repto tinha sido lançado pelos filhos em entrevista a O INTERIOR (ver edição anterior) e foi aceite por Álvaro Amaro e Rui Ventura na passada sexta-feira, na sessão de apresentação do livro de memórias “Manuel Madeira Grilo – Memórias soltas de uma vida vivida para a Guarda” no café-concerto do TMG.
«Estou convicto que vamos encontrar um espaço, na Guarda ou em Pinhel, que dignifique a sua memória», afirmou o autarca da sede do distrito, enquanto o edil de Pinhel disse ser «fundamental que esse espólio não se perca» e apelou ao envolvimento da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) no projeto. Com milhares de peças, entre condecorações, livros, diplomas, certificados e ofertas, o espólio era «uma preocupação» para Maria Augusta e José Arnaldo Grilo, que agradeceu a disponibilidade das duas Câmaras e lembrou que este «património faz parte da história da Guarda, de Pinhel e dos bombeiros». Um ano após a sua morte, amigos, familiares, políticos, empresários e dirigentes associativos e dos bombeiros recordaram as várias facetas de Madeira Grilo (1931-2014) numa sessão emotiva, mas também de reencontro.
Luís Baptista-Martins, diretor de O INTERIOR, recordou que, tal como no livro, ela era «um homem que não se ficava pelas metáforas e pelos salamaleques, dizia sempre o que pensava». De resto, graças a esta obra ficou a saber-se que Madeira Grilo viveu um dia antes de ter nascido por causa de um funcionário dos registos com ideias fixas – e nesse dia, quis ele que todos os bebés tivessem nascido a 19 de março. Por sua vez, Álvaro Guerreiro evocou a «personalidade multifacetada, mas marcante», do professor, do empresário, do dirigente associativo, do autarca e do bombeiro. «Mas não ficou a dever nada à sua consciência», acrescentou o amigo de longa data, sublinhando que Madeira Grilo não deixava ninguém indiferente porque as pessoas foram «o elemento primordial da sua ação».
O seu lema era «primeiro os outros, depois ele próprio», garantiu Álvaro Guerreiro, que também não esqueceu a «paixão extrema» pelos bombeiros. Presente na iniciativa, Jaime Marta Soares, presidente da LBP, considerou que Madeira Grilo era «um homem de Portugal e do mundo. Era uma força da natureza em tudo aquilo que se propunha e se envolvia», tendo sido no seu caso «um mestre».