Exmo. Senhor
Presidente da Câmara Municipal da Guarda
Dr. Álvaro Amaro
Carlos Veloso, arquiteto, natural da freguesia da Sé, Guarda, ausente fisicamente da cidade mas sempre presente vem respeitosamente expor o seguinte:
De acordo com a recente notícia publicada na passada semana dá conta de que as instalações da GNR iriam manter-se no atual local e que apenas iriam sofrer pequenas obras de reabilitação.
Aquando a elaboração, no ano de 2000, do projeto do Teatro Municipal da Guarda, foi-me garantido pela Dra. Maria do Carmo Borges que as instalações iriam ser transferidas para um outro local, mais periférico em relação ao espaço urbano central. E nesse sentido, face á contingência do terreno disponibilizado para implantação do teatro seria fundamental, que essa decisão pudesse ser concretizada. Passados quinze anos assistimos a este estado de coisas e o dito pelo não dito.
Os vários executivos socialistas que passaram desde essa data (2000) não conseguiram colocar em prática o que prometeram. E haverá mais a dizer sobre as práticas dos executivos anteriores mas não será oportuno e a V. Exa. não lhe interessará, pois estou certo que se vê e lê a forma como o interesse público, a cidade, o território foi tratado.
Assim, entendo que as instalações atuais da GNR deveriam sair do local ou em alternativa uma reorganização espacial que permita obter um conjunto de mais valias pelas seguintes razões:
Em concreto, este tipo de polícia, pelo seu enquadramento em relação às atividades que exerce parece-me, que as suas instalações deveriam localizar-se em local mais periférico em relação ao centro da cidade. Para além de que as mesmas poderem ser mais dignas em relação às atuais que estão cheias de acrescentos e de ampliações que em nada enobrece ou valoriza a própria GNR.
Segundo, porque este espaço de dimensão e de natureza estratégica para a reabilitação e vivência urbana da cidade é fundamental para que a cidade possa respirar e promover um salto qualitativo em termos de reorganização, coesão e funcionalidade urbana.
Por último, o Teatro Municipal, como equipamento público deveria ter a visibilidade e a relação física com o espaço público mínima necessária o que agora está um pouco comprometida tanto mais que a sua conceção partiu de um pressuposto que não se concretizou como referi.
Lamento que nos últimos 30 anos a cidade não se tenha expandido a partir das suas qualidades naturais e podermos contar todo o seu património construído e a sua relação concreta com o espaço natural. Antes pelo contrário, o nivelamento da sua construção foi por baixo, de alguma facilidade e interesses e conjuntura nacional (anos 80) que minou o que seria essencial projetar ao nível do espaço público que a cidade precisa. Precisamos de ter uma ideia do que a cidade quer ser e não deixar que ela seja o que pode acontecer.
Não queria deixar de lhe pedir que este assunto possa revelar-se do seu interesse, que espero seja também do interesse de todos os guardenses. Aproveitando a capacidade do Exmo. Sr. Presidente tem revelado, de influenciar e de destacar pela positiva o município da Guarda que preside.
Acrescento que estou disponível para apresentar concretamente uma solução que permitirá que coexista o quartel da GNR e o espaço público que claramente falta ao Teatro e à cidade.
* Título da responsabilidade da redação
Por: Carlos Veloso
** Arquiteto