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Novos achados no Vale do Côa

Arqueólogos entusiasmados com descoberta de sítios com cerca de 30 mil anos e possivelmente com ocupações anteriores

O Parque Arqueológico (PAVC) e o Museu do Côa assinalaram esta semana os 20 anos da descoberta da arte paleolítica do Vale do Côa, em 1994, e os 16 anos da sua classificação como Património Mundial pela UNESCO. A efeméride foi recordada com visitas gratuitas às gravuras e ao museu, onde, no sábado, abriu ao público a chamada Sala D.

O espaço esteve encerrado durante mais de três anos devido a problemas técnicos entretanto resolvidos. A partir de agora, os visitantes já podem aceder à mais antiga arte do Côa até agora descoberta – o “santuário arcaico paleolítico” da Penascosa/Quinta da Barca, no concelho de Vila Nova de Foz Côa. Segundo o diretor do PAVC, esta é a sala é onde melhor se explica o período mais antigo da arte do Côa e o seu aspeto mais figurativo. «É uma pena que tenha estado fechada ao longo de tanto tempo», assume António Martinho Batista, adiantado que ali estão colocadas réplicas de gravuras rupestres do Paleolítico Superior únicas no mundo e que ficariam submersas caso a barragem no rio Côa fosse construída. A remodelação da sala D foi financiada por fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) através do programa Novo Norte (ON2).

As comemorações ficaram ainda marcadas pela revelação de que, no último ano, foram descobertos novos sítios que poderão datar até ao Paleolítico Médio, revelou aquele responsável. Trata-se de achados do «período grafetense», com cerca de 30 mil anos, e provavelmente com níveis de ocupação até anteriores, o que vai ser apurado com novas escavações em 2015. «Mantemos equipas de técnicos em permanência no terreno e no sítio da Cardina, onde foram feitas duas campanhas de prospeção arqueológica que revelaram um fundo de cabana idêntico aos raríssimos que há na Europa», descreve Martinho Batista. Esta descoberta poderá confirmar que o Vale do Côa já era ocupado antes do período das gravuras rupestres. «É um dado muito importante, pois é possível que fundos de cabana como os agora encontrados no Vale do Côa possam ir até à época do homem de Neandertal, ou seja, até quase 50 mil anos atrás ou até mais», destaca o diretor do PAVC.

Luis Martins Arte rupestre foi descoberta há 20 anos nas margens do rio Côa

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