Foi no dia 21 de janeiro de 1568 que morreu, em Salónica, João Rodrigues. Tinha nascido em Castelo Branco, no seio de uma família judaica, no ano de 1511. Estudou Medicina na Universidade de Salamanca, onde começou a exercer com 18 anos de idade, sendo conhecido pelo nome de Amato Lusitano.
Dois anos mais tarde regressou a Portugal, mas como professava a religião hebraica e, sob a ameaça da Inquisição, foi para Antuérpia em 1534, onde havia uma extensa comunidade de judeus portugueses. Ao cabo de sete anos, e a convite do duque D’Este, rumou a Itália para ser professor de Anatomia na Universidade de Ferrara, uma das mais prestigiadas instituições de ensino italianas.
A sua erudição e procedimentos clínicos granjearam-lhe prestígio por toda a Europa. Para além disso falava árabe, hebraico, latim, português, castelhano, italiano, grego e francês.
Em Ferrara encontrou o anatomista João Baptista Canano, com quem colaborou e se viria mais tarde a envolver numa polémica em torno da autoria de uma descoberta ligada à circulação de sangue. A sua atividade ficou ainda assinalada pela descoberta de uma prótese para a fenda palatina.
Esteve em Ancona e em Roma, onde tratou o papa Júlio III. Homem de largo saber, escreveu em latim todo um conjunto de obras em que sintetizou os conhecimentos que havia adquirido, não só na leitura de muitos tratados médicos, em latim e em grego, mas também pela observação direta de muitos doentes. Notável humanista e cultor da ciência experimental, foi o primeiro a debruçar-se cientificamente sobre a botânica peninsular.
Por motivos religiosos foi perseguido, abandonando a Itália e fixando-se na Grécia, onde um surto de peste o levou à morte.
Por: Américo Brito
