José Igreja é o candidato do PS à Câmara da Guarda em 2013. Nas diretas da passada sexta-feira, os socialistas escolheram o advogado e ex-presidente da Assembleia Municipal e as suas promessas de «renovação» e «mudança». Pelo caminho ficou Virgílio Bento, que perdeu por cinco votos. O vencedor disse contar agora com o apoio de todos os militantes e assumiu ser sua «obrigação» manter a autarquia socialista.
«É fatal. A Câmara da Guarda é socialista desde que começou a democracia em Portugal, é um símbolo do PS a nível nacional e quero que continue a ser», declarou José Igreja, que obteve 94 votos contra os 89 do atual vice-presidente. Neste escrutínio votaram 189 militantes dos 198 inscritos, tendo-se registado dois votos brancos e quatro nulos. Ao final da noite, o candidato – que foi presidente da Câmara em 1984/85, quando Abílio Curto assumiu o lugar de deputado na Assembleia da República – sublinhou que o seu trabalho «começa agora», considerando que os militantes «acharam que havia que dar, neste momento, outra dinâmica» à autarquia. E se vencer as autárquicas de outubro do próximo ano promete que com ele «haverá outro estilo, outra maneira de trabalhar e uma equipa renovada». Para José Igreja, esta é a oportunidade para o PS renovar os seus protagonistas no executivo: «Acho que, de quando em quando, precisamos de mudar de caras. O novo é necessário no PS, até porque renovar é sempre bom», acrescentou.
Até lá, o histórico socialista avisa que é preciso vencer as eleições. «Não podemos dar de barato que o PS já ganhou», afirmou, adiantando que o seu programa eleitoral será feito nos próximos meses tendo por «grandes preocupações» o emprego, a economia e a desertificação do concelho. Já o atual Governo será um dos seus alvos e os motivos não faltam segundo José Igreja. «Temos o hospital parado, o hotel-escola inviabilizado e o quartel da GNR adiado, é uma autêntica vergonha. As ações deste Governo têm feito muito mal à cidade e ao concelho», sublinhou. Irónico, o advogado afirmou também que o PSD da Guarda já pode escolher o seu candidato. «Estavam à espera que tomássemos a decisão e andaram a adiar a escolha para ver contra quem é que tinham que lutar. Neste momento o PS já tem candidato e penso que o PSD não vai demorar muito a oficializar o seu», afirmou.
Na hora da vitória, José Igreja não se esqueceu de invocar os «grandes presidentes» da Câmara da Guarda, um bastião socialista desde 1976 graças a Vítor Cabeço, Abílio Curto, Maria do Carmo Borges, Álvaro Guerreiro e Joaquim Valente. «Quero ser digno do passado do PS e da luta que estes autarcas travaram em prol da Guarda», afirmou. O vencedor também elogiou a competência de Virgílio Bento na educação e cultura, garantindo que «vou precisar dele, dos seus conselhos e apoio, pois aquilo que é bom merece ser continuado». Já o atual executivo «é competente, disciplinado e rigoroso e vai trabalhar até ao final do mandato com toda a dignidade», considerou. Por sua vez, Virgílio Bento reiterou que, a partir de agora, a sua «obrigação é ajudar o partido a ganhar novamente a Câmara da Guarda», adiantando que não vai aceitar, nem espera, «nenhum convite» de José Igreja para «lugares ou protagonismo nesta candidatura do PS».
Líderes da concelhia e Federação a favor da renovação
O presidente da concelhia da Guarda do PS acha que a promessa de renovação apresentada por José Igreja é «um fator positivo», pois «há alguma crítica que decorre do facto do PS estar há muitos anos na Câmara». Nuno Almeida sustenta, por isso, que nestas diretas o partido «mostrou à sociedade que tem capacidade de se renovar». Contudo, sempre avisa que «o PS tem que se apresentar com humildade e arregaçar as mangas» para vencer as próximas autárquicas. Também o líder da Federação é a favor da renovação: «O PS acusa o desgaste inerente ao facto de estar muitos anos na Câmara, mas não pode esquecer o seu passado», declarou José Albano Marques, para quem o PSD tem demonstrado nas últimas semanas que «não tem pessoas à altura de ganhar a Câmara da Guarda». O dirigente revelou ainda que, depois da Guarda, também haverá diretas na concelhia de Gouveia, entre Armando Almeida e João Amaro, para escolher o candidato ao município. Contudo, o escrutínio ainda não tem data marcada.
Luis Martins