A Assembleia Municipal (AM) da Guarda decidiu enviar 16 perguntas a Ana Manso, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS), sobre a anunciada mudança de planos na empreitada de requalificação e ampliação do Hospital Sousa Martins. A deliberação resulta de uma moção apresentada pelo Bloco de Esquerda, aprovada por maioria na passada quarta-feira com uma dezena de abstenções, sobretudo na bancada do PSD.
O assunto foi um dos temas dominantes desta sessão e a primeira a falar dele foi Adelaide Campos. A deputada socialista considerou que a empreitada é «uma obra adiada» e criticou a alteração do projeto «em cerca de 90 por cento, o que vai traduzir-se na menorização de toda a intervenção». A antiga diretora clínica do Sousa Martins, que integrou a administração de Fernando Girão, antecessor de Ana Manso, disse ainda que «o que se vê hoje é uma situação confrangedora, pois temos estrutura nova há seis meses e não se sabe quando vai entrar ao serviço», o mesmo acontecendo com os concursos públicos para o equipamento. Lembrando a notícia de O INTERIOR, também Jorge Noutel (BE) pediu esclarecimentos sobre o «novo projeto» e a previsível redução do investimento inicialmente previsto – de 60 para 5,7 milhões de euros – para a segunda fase. Para o deputado, estará em marcha «a evidente desvalorização do Hospital da Guarda e a sua própria exequibilidade».
Nesse sentido, apresentou uma moção com 16 perguntas sobre o que se pretende agora fazer, com que dinheiro e a partir de quando. No documento, o BE exige «respostas escritas» por parte de Ana Manso e a marcação de uma AM extraordinária na volta do correio para analisar a informação fornecida pela administradora da ULS e «tomar posição em nome dos superiores interesses da Guarda», lê-se na missiva. Já o socialista Nuno Almeida considerou que o que se está a passar é «um caso político que requer repúdio e denúncia», acrescentando que a reavaliação da obra suscita «muitas dúvidas». O deputado sublinhou que «nada justifica esta brutal redução do investimento» e perguntou se a decisão é «um mero ato de gestão ou uma decisão da presidente da ULS». Pediu também a Joaquim Valente que lidere «a revolta» contra o que se passa com o projeto. Da mesma bancada, Pedro Guerra falou da necessidade da AM tomar posição contra «qualquer corte nos serviços de saúde do distrito, nomeadamente da maternidade».
Por sua vez, João Correia (PSD) defendeu o atual Conselho de Administração da ULS, de que é assessor, dizendo que pretende «fazer o mesmo gastando menos dinheiro, quando outros o fariam gastando mais». Mas esta não foi a única alusão aos antecessores de Ana Manso, que também responsabilizou por terem optado por uma intervenção e equipamentos onde abundam os «tiques de novo riquismo». O médico garantiu mesmo que este CA «é responsável quando faz as contas e reavalia o projeto», mas também quando «tenta pagar dívidas que outros deixaram» para finalizar dizendo esperar que o novo pavilhão abra antes da próxima AM, no final de setembro. Sobre esta matéria, Joaquim Valente avisou que o projeto «não pode cair», pois «50 milhões de euros não são nada no Orçamento de Estado». Contudo, o presidente do município recusou liderar a contestação «enquanto o ministro não me disser que o projeto do Hospital Sousa Martins foi castrado».
Luis Martins