O julgamento do grupo responsável por 90 por cento das notas de euros falsas detectadas em Portugal prossegue no Tribunal de Monsanto, Lisboa. Ao todo, 28 arguidos são acusados de associação criminosa e falsificação de moeda no âmbito de uma investigação da Polícia Judiciária da Guarda, que desmantelou o bando no início de Junho do ano passado, apreendendo mais de 200 mil euros em notas falsas de 20, 50 e 100 euros, bem como diverso material utilizado na produção da moeda contrafeita. Tratou-se da maior apreensão de euros falsificados em Portugal e a segunda maior da Europa.
Em duas operações, separadas por dias, a Polícia Judiciária da Guarda conseguiu confiscar 44.150 euros e 22.400 euros falsos e deteve quatro indivíduos, três dos quais aguardaram julgamento em prisão preventiva. Nessa altura, a Judiciária pôs fora de circulação um total de 66.500 euros contrafeitos, um número recorde e assustador, seis meses depois da entrada em circulação da moeda única. Este resultado espectacular surgiu na sequência de uma investigação de mais de dois meses levada a cabo pelos inspectores da Guarda, que culminou no início de Junho com a intercepção de um BMW na portagem da A1 de Grijó, nas proximidades do Porto, onde seguiam os suspeitos (três homens e uma mulher de etnia cigana). As notas estavam escondidas no interior do carro e encontravam-se na posse de um deles. Durante a operação, a PJ também apreendeu uma pistola calibre 9 mm e cerca de 300 euros verdadeiros. Fonte daquela polícia de investigação revelou que as notas então confiscadas são de «qualidade superior» às apreendidas em meses anteriores no âmbito de investigações que decorreram na região Centro, são perfeitas na aparência e com a falsificação apenas detectável no holograma, que é mais baço do que nas notas verdadeiras. A PJ destacou, por outro lado, ter sido a primeira vez que foram apanhadas bilhetes falsos de 20 euros. Na altura, as autoridades presumiam que pudesse haver um fornecedor comum devido às semelhanças encontradas nas notas apreendidas nas duas operações. Por ocasião da primeira acção policial, a PJ confiscou, para além dos 22.400 euros falsos, uma arma de fogo, devidamente municiada, uma arma branca, dois telemóveis e o veículo onde seguiam dois indivíduos. No âmbito dessa operação, foram identificados quatro indivíduos, apanhados a transaccionar bens e a adquiri-los com moeda falsa, dos quais dois foram detidos. As idades estão compreendidas entre os 18 e 30 anos, tendo, respectivamente, como profissão, mecânico e segurança de uma discoteca. Nessa ocasião, Leitão dos Reis, coordenador da delegação da Guarda da Judiciária, tinha colocado a hipótese de estarmos perante uma rede organizada ou organização criminosa. As investigações prosseguiram posteriormente com vista à localização do lugar de produção das notas e da maquinaria.
Luis Martins
