Ao longo destes meses de governação de Passos Coelho a economia tem sido alvo de um ataque feroz.
Nunca como agora foi difícil manter uma “porta aberta”, a carga fiscal aumentou, os custos de funcionamento aumentaram (água, luz, gás, combustíveis, etc.) e, obviamente, o número de clientes diminuiu pela queda significativa do poder de compra dos portugueses.
Não sendo eu economista (embora ouça aqueles que o são a terem as mesmas dúvidas que eu tenho), não consigo perceber a estratégia de liquidação dos meios produtivos que tem sido levada a cabo pelo Governo.
Acabando com estas pequenas e médias empresas, fazemos com que o desemprego aumente. Com o aumento do desemprego, diminui o poder de compra. Com o aumento do desemprego, aumenta o sentido de insegurança daqueles que ainda têm emprego. Aumentando o sentido de insegurança, o consumo retrai com o medo do futuro incerto. Com a diminuição do consumo as empresas fecham. Se as empresas fecham, o desemprego aumenta… e entramos naquilo que o povo sabiamente chama de “pescadinha de rabo-na-boca”.
Ou seja, findo o resgate financeiro, mesmo que a conjuntura económica internacional melhore, nós estaremos perante um país sem meios produtivos, com um número absolutamente recorde de desempregados, consequentemente vamos voltar a necessitar de ajuda externa para fazer face aos nossos compromissos porque num cenário destes não estaremos capazes de procurar financiamento no mercado financeiro.
A receita da austeridade sobre a austeridade não funciona e não digo isto por ser o discurso adotado pelo secretário-geral do PS, digo-o porque vários têm sido os indicadores económicos que o comprovam. Digo-o porque os resultados da execução orçamental são preocupantes. Digo-o porque vejo os cidadãos do meu país cada vez com mais dificuldades para enfrentar o dia-a-dia, cada vez com mais dificuldades em pagar os compromissos com a habitação e até mesmo com o aumento das dificuldades em colocar comida na mesa.
Até quando vamos aguentar? Até quando vamos permitir ser esmagados por esta política errada que pede sacrifícios a quem já não tem mais nada para sacrificar?
Esta semana não poderia deixar de fazer referência a mais um aniversário da Revolução dos Cravos. Infelizmente são cada vez mais aqueles que se questionam se valeu a pena, ou mesmo aqueles que se questionam se não estamos a necessitar de outra revolução. Compreendo o sentimento de ambos, embora não concorde com nenhum dos dois.
O que precisamos é de uma Revolução nos Partidos, o que precisamos é de Partidos capazes de dar resposta aos problemas do país, isto é, o que precisamos é que a política não seja sinónimo de trapaça, batota, cacique, carreirismo para pessoas que mais nada sabem fazer na vida. É fundamental que a política se torne atrativa para aqueles que pela experiência, sabedoria e capacidade sãos os melhores da nossa sociedade.
Em tempos ouvi o ex-Presidente da República, Mário Soares, dizer algo que é fundamental não esquecer: «A Democracia é um regime imperfeito, mas não conheço nenhum outro melhor do que a Democracia». Não podemos por isso deixar que, as dificuldades que o país atravessa ou a sofreguidão dos “apparatchik” que vivem à custa da exploração das imperfeições do sistema, ponham em causa a democracia que tanto custou a conquistar.
Reinvente-se abril de modo a melhorar as suas conquistas.
Não se esqueça abril e o seu significado.
Não se substitua abril porque nada pode substituir os seus valores de democracia e liberdade.
Por: Nuno Almeida
* Presidente da concelhia da Guarda do PS