As obras de ampliação e remodelação do Hospital da Guarda voltaram a parar e, para já, não há uma data prevista para os trabalhos serem retomados. O consórcio ACE, Edifer/Hagen reclama o pagamento de cerca de oito milhões de euros, mas a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) considera que não havia motivo para a suspensão.
Fonte da administração da ULS defendeu a O INTERIOR que a «paragem por iniciativa do consórcio não se justifica porque as obras da primeira fase estão praticamente concluídas», já que «a única coisa em falta é a adaptação dos espaços onde serão instalados os equipamentos de raio x e imagiologia». Neste sentido, a ULS «lamenta a posição do consórcio, uma vez que todo o projeto está a ser reapreciado junto da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e isso era do conhecimento do mesmo». O montante em dívida «não chega» a oito milhões de euros, envolvendo verbas da primeira fase e algumas da segunda, para além de «custos com trabalhos a mais, revisão de preços e erros e omissões do projeto», sendo que «se não fosse esta situação, o que falta pagar do custo inicial da primeira fase não chegaria aos dois milhões de euros». Questionada sobre uma data previsível para que os trabalhos possam ser retomados, a mesma fonte garante que o Conselho da Administração da ULS está «a envidar todos os esforços para que a primeira fase seja entregue no mais curto espaço de tempo possível, até porque consideramos que esta é a obra mais importante da Guarda e do distrito nas últimas décadas». Por outro lado, adverte que «para além do que se pagou em dezembro, as faturas de janeiro e fevereiro já foram pagas e a última transferência para o consórcio foi feita já neste mês», o que revela que «há colaboração e vontade da nossa parte».
Sobre a segunda fase, «ainda é mais problemática, já que «é preciso ter noção de que apesar de ter sido adjudicada, o anterior CA não candidatou a obra ao QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional]». Ainda assim, o «objetivo» da atual administração é «levar a cabo todas as obras para que tenhamos efetivamente um hospital novo na Guarda». Quanto ao equipamento para instalar no edifício da primeira fase, a fonte em causa indica que a ARS do Centro «nomeou um grupo de trabalho que está a reavaliar todo o processo de ampliação e remodelação do Hospital, incluindo a aquisição de equipamento». «Para parte do equipamento já estão a decorrer os processos de aquisição e para esse há dinheiro, sendo que «nem todo o equipamento é financiado pelo QREN». Foi também criado na ULS um «gabinete de acompanhamento das obras que vai trabalhar em conjunto com os elementos do grupo de trabalho da ARS» para «se articularem e em conjunto tomarem as decisões necessárias para se acabar a primeira fase e dar-se início à segunda». De resto, o grupo de trabalho concluiu que é «imperioso» a conclusão da primeira fase, de modo a assegurar «melhores condições aos utentes e a quem trabalha» no Sousa Martins.
O INTERIOR contactou o diretor de comunicação da Edifer que não respondeu às questões colocadas em tempo útil. Contudo, fonte do consórcio indicou à agência Lusa que «os trabalhos estão suspensos na totalidade desde dia 9, encontrando-se na obra apenas pessoal de segurança». A 21 de março, o consórcio enviou uma carta à ULS a dar conta que os trabalhos seriam suspensos, nos termos da lei, se no prazo de 15 dias não fosse liquidada a dívida vencida de seis milhões de euros, relativa à primeira fase e de cerca de dois milhões de euros da segunda. Como os valores em dívida não foram pagos no período referido, a ULS foi notificada pelo consórcio sobre a suspensão total dos trabalhos, a partir do passado dia 9. Neste sentido, a obra «encontra-se fechada e à guarda» do consórcio. Recorde-se que as obras também estiveram paradas em dezembro do ano passado devido a uma dívida de 12 milhões de euros, tendo recomeçado em janeiro após terem sido pagos seis milhões.
Ricardo Cordeiro
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