Em seis anos como presidente da Junta do Colmeal (Figueira de Castelo Rodrigo) fui sempre reservado publicamente face à povoação para não ferir suscetibilidades, avivar memórias terríveis do passado e não prejudicar a recuperação daquela aldeia para efeitos turísticos. Tem-se dito muito sobre o Colmeal, despejo para uns, expulsão para outros, cada um tem a sua versão.
Ao longo destes anos recolhi variadíssimos documentos e fotocopiei todo o processo judicial. Pelos documentos que tenho, é evidente que houve erros judiciais graves não tendo aquelas pessoas humildes possibilidade de contestar uma ação daquelas em cinco dias, conforme lhes foi proposto. E tratava-se de uma aldeia milenária, como atestam os documentos. Havia uma igreja matriz, um cemitério, ruas públicas, bens próprios de outros proprietários diferentes dos da Quinta, um chafariz comunitário. Ora uma quinta não tem ruas públicas, nem igreja matriz com padre de freguesia vizinha e caminho público de acesso.
Nesta forma de atuar já conseguimos que os atuais proprietários devolvessem os Santos à igreja e reconhecessem que o caminho de acesso é publico, tendo sido construído em 2009, com projeto a expensas da freguesia, 75 por cento de financiamento dos fundos europeus e 25 por cento da Câmara. Temos feito os possíveis e os impossíveis para recuperar a igreja matriz. Até já tivemos, iniciativas para lhe devolvermos o telhado, para evitar a derrocada. Só que neste país quando alguém quer fazer há outros a inventar problemas para não fazer. Estamos à espera de uma simples licença para dar início à recuperação da igreja, vai em dois anos.
Face a esta situação decidimos publicar este artigo de opinião para que os responsáveis se lembrem que têm um dívida para com o Colmeal e que se não lhe querem dar dinheiro, ao menos autorizem as obras. Porque fazer um caminho de acesso e não lhe dar uso não deixa de ser um desperdício de dinheiro publico.
* título da responsabilidade da redação
Teodoro Farias, Figueira de Castelo Rodrigo
