Um dia, enquanto estava sozinha no meu quarto, li uma notícia já antiga num papel solto. Duas mortes, dois corações partidos, uma vida inteira deitada fora. Por minutos tudo me pareceu insignificante: a vida, o amor, eu mesma. Depois pensei que este era o tema perfeito para escrever. Imaginei um dia muito chuvoso, porque odeio chuva mas reconheço-a um fenómeno lindo. Quando peguei na caneta e no papel tentei começar e … não sabia escrever chuva. Todo o texto e o estilo que o envolve gira à volta da minha tentativa de transpor para o papel as minhas sensações e as sensações de dois corações. Assim, todo o meu texto é uma tentativa. Uma sinestesia enorme que retrata um ciclo que todos percorremos.
Escrever sou eu a tentar evadir-me e só resulta fruto de uma prática constante. No fim, acabo por descobrir que nunca fujo, mas que sempre me encontro. E ganhar este Prémio foi surpreendente e, ao mesmo tempo, maravilhoso.