Os Danças Ocultas actuam amanhã à noite no grande auditório do TMG, num concerto de apresentação do seu último trabalho, intitulado “Tarab”. Lançado em Outubro passado, este álbum assenta no conceito árabe “tarab”, que significa a ideia de um nível superior de consciência colectiva atingido numa performance, partilhado entre artista e público.
É também o regresso ao ensemble original deste quarteto invulgar, com incidência na aptidão expressiva da concertina, após a convivência com outros instrumentos e vozes que deu origem a “Pulsar”, editado em 2004. Com “Tarab”, a formação oriunda de Águeda estreia ainda um novo formato de espectáculo, que inclui elementos multimédia interactivos em que as melodias, harmonias e ritmos de cada uma das concertinas criam formas e imagens numa tela branca no fundo de palco. Danças Ocultas é formado por Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel, cujas experiências musicais se cruzaram a partir de 1989 ao toque de quatro concertinas. Assim nasceu o álbum homónimo com um repertório assombroso, composto na totalidade por Artur Fernandes, amplamente elogiado pela crítica especializada e considerado por muitos o melhor disco do ano.
Desde então, o grupo revigorou a tradição da concertina, tocando temas originais que exploram a peculiaridade dos diálogos a oito mãos dando outra “vida” a um instrumento normalmente tocado a solo. Descobriu novas possibilidades e sonoridades, compondo aquilo a que a crítica definiu então como uma «música nova para um instrumento velho» que maravilhou as plateias nacionais e europeias. Os elementos deste quarteto começaram por tocar em grupos folclóricos, tendo o projecto Danças Ocultas surgido originalmente sob o nome de Quarteto de Concertinas. Na altura o seu repertório consistia em tocar transcrições de partituras clássicas (abertura “Aida”, de Verdi, e “Aria na corda Sol”, da Suite em Re M de Bach) e de música popular de outros países (Itália, Brasil), dada a inexistência de repertório escrito para concertina.
Mas o problema foi ultrapassado quando Artur Fernandes, mentor do projecto, foi estudar Composição na Universidade de Aveiro e começou a compor para o quarteto, evitando a tradição folclórica do instrumento e tentando procurar as «vontades naturais» da concertina. Artur Fernandes é autodidacta da concertina desde 1978. Licenciado em Ensino de Música pela Universidade de Aveiro, área de Composição, ensinou, a partir de 1985, as técnicas daquele instrumento a Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel.