O que têm em comum o Governador Civil da Guarda, o presidente do Instituto Politécnico da Guarda ou o líder distrital do PSD? A resposta é simples, já que são todos oriundos do concelho de Gouveia, de onde também são naturais outros cidadãos com cargos de relevo, como o deputado Carlos Peixoto.
Dos vários protagonistas desta inédita coincidência ouvidos por O INTERIOR, a explicação mais peculiar partiu do presidente do IPG: «A razão parece-me óbvia. O concelho de Gouveia é o melhor do país. Portanto, tem que ter pessoas obrigatoriamente à frente de instituições», ironizou. Mais a sério, Jorge Mendes considera que se trata de «um acaso feliz e engraçado», ressalvando que «o facto de sermos de Gouveia não implica que deixemos de ser do distrito da Guarda e desta região». Questionado se considera que o município pode ganhar alguma coisa com esta conjuntura curiosa, o responsável natural da “cidade-jardim” sustenta que «cada vez mais temos que defender, não tanto os nossos concelhos em particular, mas esta grande zona que é a região, o distrito e se quisermos a Beira Interior». Por seu turno, o Governador Civil considera que o facto do concelho ter várias pessoas em lugares de destaque não passa de uma «mera coincidência», não havendo «qualquer motivação de nenhuma natureza».
Santinho Pacheco realça que «todos gostamos muito de contribuir para as nossas terras, mas acho que cada um, no desempenho das suas funções, tem de ser absolutamente isento. Eu adoro Gouveia, sou natural do concelho, mas nunca tive sequer a tentação em nenhuma das decisões que já tive de tomar como Governador Civil de alguma vez pensar em privilegiar Gouveia em detrimento de qualquer outro concelho», garante este natural da freguesia de Vila Franca da Serra. Também o presidente da distrital do PSD da Guarda atribui a «uma feliz coincidência» a circunstância de haver gouveenses com lugares de destaque no contexto distrital. «Acho que toda a gente de Gouveia sente um orgulho por este facto», mas «é uma circunstância, como amanhã nos sentiremos igualmente felizes pelo facto de poder haver outras pessoas do distrito que ocupem igualmente outros lugares de destaque», salienta Álvaro Amaro. O também presidente da Câmara de Gouveia assume não saber se o concelho pode tirar alguma vantagem desta situação, embora ressalve que, por vezes, «possa haver, aqui ou ali, a circunstância de, para além da razão, que é aquilo que deve imperar nas nossas decisões, também haver uma pontinha de coração. Somos pessoas e como tal temos sentimentos», reconhece o cidadão de Ribamondego.
Carlos Peixoto é, desde o ano passado, deputado na Assembleia da República, tendo sido o cabeça-de-lista do PSD no distrito às legislativas. O advogado também defende tratar-se de uma «pura coincidência», até porque Gouveia «não tem nenhum passe de mágica para produzir personalidades em especial», defende. O parlamentar adianta ainda que também «não há uma casta especial de políticos ou de personalidades» vindas daquela encosta serrana. De resto, Carlos Peixoto não considera que o concelho possa tirar alguma vantagem do facto, embora ressalve: «Acho que ninguém me leva a mal que apele ao meu berço e olhe para o meu umbigo, isto em termos teóricos. Em termos práticos, somos do distrito e queremos contribuir para o seu desenvolvimento», sublinha o social-democrata. Como uma coisa nunca vem só, até o Desportivo de Gouveia está em alta no Distrital. Além de ser um dos líderes da geral da 1ª Divisão, o clube – um dos históricos do futebol regional – garantiu este fim-de-semana a presença na final da Taça de Honra.
Ricardo Cordeiro