A cerca de um ano das eleições, já desponta uma alternativa a José Albano no Partido Socialista, cuja liderança não está a agradar. Esmeraldo Carvalhinho é o nome de que se fala e o próprio já confirmou a O INTERIOR a sua disponibilidade para liderar uma candidatura à presidência da Federação do PS da Guarda.
«Se os militantes o entenderem, estou disposto a contribuir para projectos que melhorem o funcionamento do PS, a sua relação com o distrito e o seu interesse pela sociedade», afirma, dizendo-se «desiludido» com o rumo actual do partido e com as opções da direcção de José Albano, eleito em Outubro de 2008. «Foi um balão que rapidamente se esvaziou de acordo com os interesses de cada um», acusa, considerando que o PS actual está «muito distante» dos problemas dos guardenses. Para o recém-eleito presidente da Câmara de Manteigas, a Federação não se pode limitar «a receber instruções e a cumprir ordens vindas de cima. Tem que ter uma voz legal, interventiva e actuante, até porque as pessoas esperam mais de alguns dos actuais dirigentes do que aquilo que estão a dar, foi para isso que confiaram neles».
O antigo líder da concelhia guardense, onde ainda é militante, e ex-secretário da distrital, garante que as suas ambições políticas «não passam pelos lugares de topo», mas sobretudo pela participação em projectos políticos. «É isso que tenho feito ao longo da minha vida e estou agora disponível a fazer para tentar mudar o rumo das coisas. Não tenho a ambição de ser presidente da Federação, mas posso e quero contribuir para que o PS funcione melhor no distrito», declara. As críticas de Esmeraldo Carvalhinho também se estendem à concelhia da capital de distrito, que afirma ser agora um «mero peão» na estrutura socialista distrital. «A Guarda perdeu peso, não tem voz pública sobre os problemas do concelho e da região quando devia ter liderança no combate politico, até porque é a maior em termos de militantes», lamenta. Lembrando que «ajudou a construir» esta concelhia desde 1974, o agora militante de base ainda não esqueceu os três momentos que, na sua opinião, demonstram a secularização do PS da Guarda.
O primeiro «mau sinal» surgiu quando não conseguiu apresentar um candidato à presidência da Federação nas últimas eleições. «Não é forçoso que assim seja, mas é importante que aconteça», sublinha, prosseguindo com a constituição das listas de candidatos à Assembleia da República. «Quando toda a gente pensava que haveria uma personalidade da Guarda nos primeiros lugares, isso não aconteceu. É verdade que está representada e que, com a mudança das cadeiras que se anuncia, vai agora ter uma deputada, mas o protagonismo perdeu-se», constata. Finalmente, para o autarca, a concelhia também foi ultrapassada na corrida ao cargo de Governador Civil, sinal disso é que nem sequer apoiou publicamente Santinho Pacheco. «Terá provavelmente defendido outro candidato, que não conseguiu fazer nomear. Portanto, há claramente uma perda de influência e de poder», alega.
Reiterando que «não é obrigatório que a Guarda mande em tudo», Esmeraldo Carvalhinho esperava pelo menos que a concelhia demonstrasse «influência, porque sem ela não se poderá intervir em decisões que possam ser tomadas» em relação ao distrito. E, na sua opinião, «quando se começa a perder terreno e influência, é uma chatice, pois é difícil recuperá-la», avisa.
Luis Martins