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Governo anuncia regresso dos comboios ao troço Pocinho-Barca d’Alva

Ligação vai ser reactivada, pelo menos, para fins turísticos, num investimento de 25 milhões de euros

Cerca de 20 anos depois de ter sido abandonada, a ligação ferroviária entre Pocinho e Barca d’Alva (concelho de Figueira de Castelo Rodrigo), na Linha do Douro, vai ser reactivada, pelo menos, para fins turísticos. A REFER prepara-se para investir 25 milhões de euros na recuperação do troço e está ainda a ser ponderada a circulação de passageiros e mercadorias, numa segunda fase, anunciou o Governo na semana passada. Os autarcas de Vila Nova de Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo esperam agora que também haja uma aposta da parte espanhola.

O anúncio foi feito pela secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, à margem de inaugurações de infraestruturas nas zonas ribeirinhas de Resende e Baião, onde garantiu que estão concluídas as negociações entre a REFER, CP, IPTM – Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) com vista à reactivação daquele troço. As obras de recuperação prevêem que os comboios possam atingir os 80 quilómetros por hora, mais 50 do que antes, numa intervenção ao longo de 28 quilómetros, que contará com financiamento comunitário. Cabe depois à CP encontrar o modelo de gestão a ser implementado, que deverá passar pelo lançamento de um concurso público internacional para a entrega a privados da exploração turística da linha. «Este é o investimento mais importante para a região norte do distrito da Guarda», considera o presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, ao salientar que o regresso dos comboios ao seu município é uma reivindicação antiga das populações locais. Para António Edmundo, grandes equipamentos como o Museu do Côa «não passarão de elefantes brancos» se não houver uma aposta no troço, para que seja possível atrair visitantes espanhóis. Daí que, explica o autarca, «é importante que também do lado de Espanha haja uma reactivação» do troço La Fregeneda-La Fuente de San Esteban (Salamanca), para que esse fluxo seja ainda maior.

Como a Linha do Douro se fica actualmente pelo Pocinho (Foz Côa), o concelho de Figueira «não consegue atrair os visitantes que desejaria», explica. «Quem vem a Portugal de avião para visitar o Douro, normalmente em “low-cost”, não chega depois a Barca d’Alva, exactamente por não haver uma ligação ferroviária», constata o autarca social-democrata, que diz acreditar que este não será um mero anúncio próprio de época eleitoral. Este concelho recebe uma média de 36 mil visitantes, anualmente, e o edil prevê que, a concretizar-se o projecto, «este número duplicará». Já à zona do Pocinho, «chegam todos os anos umas 60 e tal mil pessoas», compara. No entender de António Edmundo, a criação de «um fluxo constante de turistas», principalmente oriundo de Espanha, será «a pedra de toque para muitos dos investimentos realizados», nomeadamente ao nível do turismo fluvial. O Parque Natural do Vale do Côa, o Douro vinhateiro, as aldeias históricas «e até a serra da Estrela podem integrar um cartaz turístico de grande atractibilidade», antevê.

Opinião semelhante tem o presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, que também tem vindo a lutar pela ligação ferroviária entre o Pocinho e Barca d’Alva. «Ainda bem que há gente que acaba finalmente por compreender que é um equipamento fundamental a reactivar e o mais rapidamente possível», declara o líder deste município. «Tão importante como a reactivação deste troço, ou até mais, é a reabilitação da parte espanhola até Salamanca», entende Emílio Mesquita, que ainda em Maio passado defendeu em Espanha – com o apoio dos autarcas de Hinojosa de Duero, La Fregeneda e Lumbrales – uma aposta comum na ligação de ambos os lados da fronteira. «Estamos a falar de uma linha que representa uma ligação a toda a Europa, desde o Porto até Salamanca, depois até Valladolid e a Madrid, que segue para Badajoz em direcção a Lisboa e depois se liga ao Porto», ilustra. «Ou seja, é toda uma volta que está interrompida aqui», constata.

O troço Pocinho-Barca d’Alva está desactivado desde a década de 80

Comentários dos nossos leitores
carlos charles.tvd@gmail.com
Comentário:
Finalmente vai ser reaberta uma das linhas de comboio mais bonitas de Portugal. Falo por experiência própria, pois fazer Barca d’Alva-Porto como eu fiz nunca mais se esquece. Parabéns aos presidentes de câmara que tanto lutaram para este feito.
 

Governo anuncia regresso dos comboios ao troço Pocinho-Barca d’Alva

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