A variante de Trancoso está prevista no projecto do IC26, mas o líder do município, Júlio Sarmento, quer que a obra avance já, no âmbito da Concessão Douro Interior. O pedido foi feito pelo autarca no último sábado ao secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos, durante a passagem do governante pela cidade.
«Trancoso merecia algum cuidado numa ligação a uma parte que seria de trânsito local», afirmou o edil durante a cerimónia de apresentação da Concessão Douro Interior, que decorreu no Convento dos Frades. Ao sustentar que seria «lógico» incluir a variante no projecto do IP2, Júlio Sarmento disse que «a verdade é que ficamos com dois quilómetros que podiam ser beneficiados», apontando ainda para a necessidade de construir uma rotunda. «Neste momento é prematuro dizer se será possível», afirmou aos jornalistas Paulo Campos, assegurando que viabilidade da construção da variante será analisada. Relativamente ao IC26, não será lançado nesta legislatura, até porque «há ainda todo um trabalho para desenvolver ao nível dos estudos», explicou o governante, para quem esta estrada «não é, neste momento, prioritária». O secretário de Estado aproveitou a sessão para anunciar que as obras já estão no terreno em Trancoso e Celorico da Beira e que estes concelhos serão os primeiros a ver avançar a futura auto-estrada Douro Interior.
De acordo com Paulo Campos, a ligação à A25 será também a primeira a ficar concluída. A via, com uma extensão de 24 quilómetros, não estará terminada no fim de 2011 – data apontada para a implementação do empreendimento – , mas em Novembro do próximo ano, garantiu ainda o governante. «É uma antecipação que em muito beneficia as populações», considerou. No seu entender, a Concessão do Douro Interior constitui «a maior operação de desenvolvimento concertado do interior», por permitir ligações mais rápidas a várias zonas do país. «Durante anos não se viram investimentos nas acessibilidades no interior porque foram feitos no litoral», referiu, numa crítica aos dois anteriores Governos. No total, o empreendimento, concessionado à AENOR, representa um investimento na ordem dos 566 milhões de euros, com extensão aproximada de 270 quilómetros, dos quais 261 de nova construção, sendo que vai beneficiar 330 mil habitantes.
A concessão inclui a construção dos lanços do IP2 entre Valebenfeito e Celorico da Beira (IP5), com nós de ligação a Trancoso e Vila Franca dos Naves, e do IC5 entre Pópulo (IP4) e Miranda do Douro, bem como a exploração do actual IP2 entre Macedo de Cavaleiros e Valebenfeito.
Governante desconhece descontentamento em Vila Franca das Naves
Paulo Campos disse em Trancoso desconhecer a existência de qualquer descontentamento por parte de populares de Vila Franca das Naves em relação à ligação do IP2 a esta vila – que, segundo o projecto, irá passar entre quatro casas localizadas na Rua dos Moinhos. Porém, o secretário de Estado afirmou que «a concessionária e a Estradas de Portugal estão disponíveis para possíveis alterações», caso surjam «melhores soluções». Recorde-se que a via, que prevê ainda duas rotundas, já motivou um comunicado anónimo a protestar contra o traçado, bem como um pedido de reunião à Governadora Civil da Guarda.