Um tipo simpático num lugar inóspito e uma tormenta a chegar. Um lugar ermo onde não há hospitais e a luz não chegou. Uma ravina junto a dois vales na saída do estuário de um rio azul. Um animal selvagem longe a subir o morro com pressa apesar de não vir ninguém. Um homem só com uma pá enterrada no chão abre valas onde dignifica as mortes de muitos que caíram com o terramoto de ontem. É a morte espalhada num cenário belo de terra verde e céu limpo mas com um vermelho impressionante. Um homem só cumpre um destino triste com a tormenta ao longe que se adivinha. È um homem único, num cenário majestoso, sem casas, sem prédios, sem bandidos, apenas a morte de alguns que ninguém conhece e ninguém vira antes. São aborígenes tombados num lugar perdido onde um só cumpre a tarefa de arrumar os corpos da fúria dos necrófagos. Ao longe ninguém porque a fuga levou as crianças e as mães. Uma foto incrível onde tudo se percebe, onde se adivinha a tragédia e se encontra a imensidão e a força da natureza. Uma fotografia pode contar toda uma história a duas dimensões e numa fracção ínfima do tempo.
Por: Diogo Cabrita