Uma frase infeliz: “A freguesia não ganhou por ter eleito uma Junta de outro partido”. Joaquim Valente, in O Interior 26/03/09.
Desde que João Prata ganhou as eleições para a Junta de Freguesia de S. Miguel, quebrando a hegemonia dos socialistas na Guarda, que esta parte da cidade parece ter passado a ser vista, pelo executivo camarário, como a parte gaulesa dum território dominado por romanos, à semelhança das histórias de René Goscinny. Em consequência desta ousadia, a Câmara Municipal, tudo tem feito, para que o executivo de S. Miguel fique mal na fotografia, nomeadamente no presente mandato. O crónico não cumprimento, na transferência de verbas devidas pela execução de protocolos assinados, a retirada do apoio nas despesas de funcionamento e manutenção do edifício-sede da Junta, o qual consome a fatia de leão do orçamento anual, a falta de apoio para o desenvolvimento das actividades de enriquecimento curricular, que foram protocoladas, e o global autismo relativamente aos problemas de S. Miguel, têm dificultado ao máximo a vida de quem dirige os destinos desta Freguesia. Há na Câmara quem nutra por João Prata um ódio político de estimação, pelo que algumas reuniões se fazem num clima de crispação, sob a forma de diálogos de surdos. “Não temos dinheiro” é a resposta mais comum a muitas das reivindicações, “Por que não te calas?” será a frase que mais ocorrerá na mente de alguns responsáveis camarários, mas João Prata é um corredor de fundo, pelo que nunca se cansa de reivindicar para poder cumprir aquilo que prometeu, para tal, envia centenas de faxes e ofícios e faz dezenas de contactos, uns formais, outros informais, para além de fazer incómodas intervenções, nos órgãos próprios, denunciando a actuação da Câmara para com S. Miguel.
Pelo seu tamanho e população e por ser a zona com mais indústria da cidade, pelo que contribui com muitos impostos, directos e indirectos, para os cofres do Município, mereceria que lhe fossem disponibilizadas mais verbas, o que não acontece. Os trabalhos são executados e os serviços prestados, mas sem o pagamento do protocolado, a CMG contribui gravemente para debilitar as contas desta Freguesia. Mesmo assim, contra todas as expectativas, S. Miguel tem outra cara, é uma freguesia mais madura, mais responsável, mais solidária, mais viva e mais interventiva. Tivesse a ajuda que as outras freguesias da cidade, provavelmente, têm e S. Miguel teria uma maior margem de manobra financeira para fazer ainda mais. Tem-lhe valido a compreensão e o altruísmo de alguns empresários e comerciantes da Freguesia que reconhecem neste executivo uma pessoa de bem e que, se não cumpre a tempo as suas obrigações, muito se deve à Câmara da Guarda.
Compreende-se (ou melhor, não) que com o aumento da despesa com pessoal e a galopante dívida, a CMG não tenha dinheiro para muito. Cada emprego arranjado na Câmara e seus derivados, gera bem mais do que esse voto. Se a estes, somarmos os votos das largas centenas de actuais funcionários e respectivas famílias, e tendo em conta que é dos principais empregadores da região, corremos o risco de termos que levar mais umas décadas com a desgastante, inábil e adormecida maioria socialista na CMG.
Será que os guardenses ainda não aprenderam a lição? Não viram do que estes são capazes? Se os governos recentes costumam mudar de cor a cada oito anos, por que malfadado destino temos que aguentar com os mesmos desde 25 de Abril de 74? Será que iremos continuar a eleger “aparatchiks” que têm demonstrado ao longo de décadas que não sabem defender os reais interesses da nossa cidade? Já vimos que nem com amigos do peito do nosso arrogante e propagandista Primeiro lá vamos, por isso, e como diria Tony, o Feio, “deslarguem-nos”!
Há um forte candidato em campo, que pode destronar Valente. Os guardenses de todos os quadrantes políticos, que não se revêem no actual executivo, deverão dar-lhe uma oportunidade de mostrar o que consegue fazer por esta cidade. Está na hora de um verdadeiro movimento pró-Guarda.
Por: José Carlos Lopes